Foto: Paulo Filgueiras |
Com o objetivo de estimular cada vez mais a adoção de
práticas agroecológicas entre os agricultores familiares, a Rede de Pesquisa,
Inovação, Tecnologia e Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas
(fórum articulado pelo Programa Rio Rural que reúne instituições parceiras do
setor agropecuário) promoveu no dia 17 de setembro uma oficina sobre manejo
ecológico do solo, no campo experimental do Centro Estadual de Pesquisa em
Horticultura da Pesagro-Rio, instalado na localidade Campestre, em Nova
Friburgo.
Organizada pelo grupo de trabalho sobre insumos
agroecológicos da Rede de Pesquisa, a atividade incluiu palestras sobre a
natureza do solo tropical, compostagem a partir de resíduos vegetais e animais
e conservação do solo. Na parte prática, foi produzido o composto orgânico do tipo
bokashi, que acelera o processo de regeneração do solo. O material foi
preparado com auxílio de uma betoneira, cuja capacidade total é de 400 litros.
Foto: Paulo Filgueiras |
Já Eiser Felippe, também consultor do Rio Rural, falou sobre
as vantagens da adubação com matéria orgânica através de um composto feito com
resíduos dos cultivos vegetal e animal, experiência que já rendeu resultados
positivos nos municípios de São José do Vale do Rio Preto e Trajano de Moraes.
Neste caso, podem ser utilizados ingredientes como camas de cavalo e de
aviário, restos de culturas, sobras de agroindústria, palhas, cascas, serragem,
esterco, resíduos de abatedouros e incubatórios (sangue, ovos e penas), entre
outros. “Esse composto é, basicamente, a mistura de fontes de matéria orgânica,
sendo necessariamente uma delas com a relação carbono/nitrogênio alta e a
outra, baixa. Todo esse material decomposto vai se transformar em húmus, que,
por sua vez, vai aumentar a fertilidade e melhorar a vida do solo, além de
diminuir a incidência de pragas e doenças nas plantas”, explicou o engenheiro
agrônomo.
Alternativa sustentável
A produção do adubo do tipo bokashi foi coletiva. Para a
composição, é preciso combinar na proporção correta um farelo (arroz, trigo,
cevada e/ou milho), uma torta vegetal (oleaginosas como mamona, girassol, soja
e/ou amendoim), minerais (fosfato natural, calcário ou pó de pedra) e outros
materiais (cascas, palhas, resíduos de agroindústrias, farinha de carne e osso
e/ou farinha de peixe). Após a mistura dos farelos, coloca-se, aos poucos e com
auxílio de um regador, a solução de água sem cloro, açúcar mascavo e fermento
(EM – Microorganismos Eficazes, Kefir ou Embiotic). A mistura deve ser
armazenada numa bombona ou num saco de ráfia forrado durante 21 dias. No final
do processo, o adubo pode ser aplicado nas lavouras de frutas, legumes,
verduras e flores.
Thais Schuenck é técnica em agropecuária e, com auxílio da
família, cultiva couve-flor, brócolis e alface, além de dedicar parte do tempo
na criação de galinhas, porcos e cavalos na localidade Centenário. Ela não
conhecia o adubo e garante estar disposta a experimentá-lo. “É uma nova
técnica, de fácil acesso ao produtor e, com a betoneira, dispensa mão-de-obra.
Assim que estiver pronto, vou usar a mistura produzida na oficina na horta do
meu sítio”, disse.
O engenheiro agrônomo Daniel Dias, do Núcleo de Pesquisa
Participativa do Rio Rural, explica que a betoneira ficará à disposição dos
agricultores da região que se interessarem em produzir o adubo em maiores
quantidades, em regime de mutirões. “Tudo vai funcionar através de parceria. A
ideia é estimular o uso do bokashi para melhorar a produtividade e a qualidade
dos produtos”, afirmou.
Nos próximos meses, estão previstos outros eventos para
atender à demanda local dos agricultores orgânicos e agroecológicos, cumprindo
as metas do Plano de Desenvolvimento da Cadeia de Orgânicos, construído por
técnicos e produtores durante as reuniões de trabalho da rede de pesquisa. Além
de Nova Friburgo, outros municípios da região já estão sendo beneficiados por
atividades de formação em agroecologia, como Petrópolis, São José do Vale do
Rio Preto, Sumidouro, Teresópolis e Trajano de Moraes.
Foto: Paulo Filgueiras |
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