domingo, 1 de agosto de 2010

Os Presidenciáveis

Marina Silva PV

Com um currículo marcado pela superação e o desafio de ser “a primeira mulher negra de origem pobre” a ocupar o Palácio do Planalto, a senadora Marina Silva (PV-AC) estreia em eleições presidenciais. Franzina e de fala mansa, a discípula do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, driblou a pobreza e enganou a morte - que levou dois de seus dez irmãos - depois de vencer cinco malárias, três hepatites, a leishmaniose e a contaminação por mercúrio causada pelo tratamento da doença. Em sua trajetória política passou pela Câmara de Vereadores de Rio Branco e pela Assembleia Legislativa do Acre, pelo Senado e pelo Ministério do Meio Ambiente no governo Lula. No comando da pasta, ajudou a incluir assuntos como biodiversidade e desenvolvimento sustentável na pauta nacional. Deixou o ministério em maio de 2008, depois de um desentendimento com os colegas Dilma Rousseff e Mangabeira Unger por causa dos licenciamentos ambientais. Em 2009, deixou o PT após 25 anos de militância e filiou-se ao PV.

Por que quero ser Presidente?


Em 2004, o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia Legal foi possivelmente a maior vitória da gestão Marina. A queda no desmatamento foi de 57% nos primeiros três anos - um número que ela adora repetir. A influência da ministra era tanta no começo do governo Lula que o plano foi implantado a partir da articulação com 13 ministérios, coordenados pela Casa Civil de José Dirceu e, claro, por Marina.

Porém os Estados e as empresas que mais devastavam encontraram brechas na lei. Além disso, outro plano estava sendo construído, o PAC. A demora para liberar licenças do que seria o trunfo do segundo mandato de Lula foi isolando a ministra.

Quando, no final de 2007, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que o desmatamento voltava a crescer, o então governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, contestou as informações publicamente. O conflito entre os dois era latente, embora "sempre tenha sido respeitoso", nas palavras de Maggi. "Marina sabia ser dura na defesa de seus argumentos, mas sabia refletir sobre posições contrárias às suas", diz o agora candidato ao Senado.

O sinal definitivo de que seu espaço no governo havia se reduzido veio no lançamento do Plano Amazônia Sustentável, em 8 de maio de 2008. Pressionado, Lula anunciou, em uma reunião tensa com os governadores da Amazônia legal, que revisaria um decreto de 2007 que fechava o cerco ao desmatamento. Para completar, passou o comando do plano para o então ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Sem consultar Marina. Cinco dias depois, ela comunicava sua saída da pasta.

Apesar da repercussão internacional do rompimento da ambientalista com o presidente, o PT não se constrangeu em continuar minando a senadora também no Congresso. "Seus projetos eram tirados da pauta, sem cerimônia", diz Capobianco. O partido onde Marina havia iniciado sua atuação política com Chico Mendes, em 1985 (um ano antes eles fundaram a Central Única dos Trabalhadores do Acre), e pelo qual se elegeu a senadora mais jovem da história, com 36 anos, agora lhe virava as costas. E o PV a cortejava.

Dirigentes verdes prometeram a Marina, em meados de 2009, uma revisão do programa partidário e de seus quadros. Queriam que ela participasse do processo e fosse a candidata à Presidência em 2010.

Passos. Ao ouvir a proposta do PV, a senadora optou por agir em três passos: primeiro, sairia do PT (o que ela considera, até hoje, a ação mais difícil de sua história). Saiu no dia 19 de agosto de 2009. Depois, se filiaria ao PV, o que aconteceu no dia 30 daquele mês. Por fim, pensaria na candidatura que tão veementemente refutava dois anos antes.

Evangélica, Marina não se diz uma cristã envergonhada por divulgar a sua fé. Polêmica, afirmou ser contra o casamento entre homossexuais e contra testes com células-tronco embrionárias

Nas pesquisas, Marina aparece na terceira colocação das intenções de votos.

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