A Orquestra Sinfônica Jovem, de Campos dos Goytacazes, apresentava numa das praças principais de Nova Friburgo a “Marcha Radetzky”, de Strauss, quando o maestro Luís Maurício Carneiro convidou ao palco “aquele senhor que usa chapéu”. O maestro não sabia, mas o convidado era o próprio prefeito anfitrião, Heródoto Bento de Mello. Após agradecê-lo pelo convite para se apresentar na cidade, Luís Carneiro comentou sobre as tradicionais bandas mais do que centenárias de Nova Friburgo, inclusive porque alguns músicos friburguenses já fizeram parte da orquestra, o que aumentava a sua responsabilidade naquela ocasião.
Em seguida, fez o convite ao prefeito para subir o pódio e reger a orquestra. Entregou-lhe a batuta. Visivelmente encabulado, o prefeito, que tentou se esquivar da tarefa, mas ante a insistência do maestro, aceitou o desafio. E com uma das mãos(a outra estava no bolso do seu casaco), regeu e foi acompanhado por palmas. O maestro, então, brincou com o prefeito, o apresentando com “o mais novo maestro da orquestra”. Simpático, o prefeito, ao microfone, lançou um desafio: “Vamos fazer uma orquestra sinfônica para os 200 anos de Nova Friburgo”, disse, empolgado.
No dia seguinte, assistindo ao concerto da orquestra da Universidade Cândido Mendes, o prefeito foi novamente convidado para reger o “Parabéns pra você”. Na saída, murmurou: “Eu sou bom em outras artes”.
Em clima de noite de inverno, a orquestra de Campos se apresentou para comemorar o aniversário do Município de Nova Friburgo. Formada por 80 integrantes e sob a regência do maestro, o concerto foi aplaudido pelo público presente ao executar os seguintes clássicos: ‘Abertura Cavalaria Ligeira’ (F. von Suppée); ‘Dança Húngara nº.5’ (J. Brahms); ‘Marcha Eslava’ (P. Tchaikovsky); ‘Danúbio Azul’(J.Strauss); ‘Marcha Radetzky’ (Strauss); ‘Abertura Festiva’ (D. Shostakovich) e ‘Aquarela do Brasil’(Ary Barroso).
Durante a apresentação da Marcha Eslava, o regente sugeriu que as pessoas ignorassem o que estavam vendo e deixassem se envolver pela música, por considerá-la uma arte poderosa, que toca o ser humano sem pedir permissão. E todos, em silêncio, pareciam atender ao pedido e se encantar com a emoção de cada acorde. Só se percebia o acompanhar do som, através de pequenos balanços com os pés ou parte superior do corpo. Em seguida, a orquestra apresentou ‘Danúbio Azul’ e, ao fim da valsa, uma voz masculina gritou: “Lindo!”. Era Cláudio Nascimento Arruda, de aparência simples, que ainda disse que “a cidade precisa de oportunidades como esta, de ouvir músicas clássicas. Estou emocionado. E não falo só por mim!”
Fonte: O Dia Online
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