A recém-implantada Coordenadoria do Bem-Estar Animal (Coobea), subordinada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável, já está colhendo os frutos do trabalho voltado aos animais que sofrem maus tratos e abandono em Nova Friburgo. Por intermédio do projeto ‘Dignidade para os Cavalos’, vários desses animais capturados nas vias públicas em estado de desnutrição, feridos e cansados agora podem ficar soltos em seu habitat natural, recebendo água à vontade, alimentação adequada e tratamento médico-veterinário. O resultado, obtido em menos de dois meses, se nota pela aparência saudável dos cavalos.
Os animais recolhidos foram levados no dia 19 de novembro passado para um terreno particular de cerca de 50 alqueires, cedido em caráter especial à Prefeitura. Segundo a coordenadora da Coobea, Carla Freire, “pela primeira vez na história de Nova Friburgo a Prefeitura está levando a sério o problema dos animais abandonados”. Ela acrescenta que o trabalho da Coordenadoria é desenvolvido em parceria com protetores de animais voluntários.
O secretário de Desenvolvimento Urbano Sustentável, Ivison Soares Macedo, lembra que o município resolveu assumir a guarda dos equinos a partir do momento em que terminou o contrato com a empresa terceirizada responsável pelo serviço. “Nós interrompemos um ciclo”, explica.
O objetivo da Coobea é coordenar ações para o bem-estar de todos os animais, adotando, por determinação do prefeito Heródoto Bento de Mello, o modelo que funciona em Florianópolis, que é referência nacional. Para tanto, a Coordenadoria procura seguir três diretrizes: campanhas educativas, campanhas de adoção e castração cirúrgica.
O secretário Ivison ressalta a importância do controle populacional também de cães e gatos e adianta que a Prefeitura vai trabalhar em parceria com clínicas veterinárias neste sentido. A Coobea fará o registro de todos os animais de Nova Friburgo. “É preciso respeitar e cuidar dos animais de todas as espécies”, enfatiza Carla, apostando que a situação dos animais vai melhorar quando, de fato, forem iniciadas as campanhas educativas a serem lançadas pela Coordenação. Especialistas afirmam que uma população consciente sobre as necessidades básicas dos animais, desenvolve a sensibilidade e a responsabilidade, com a consequente redução dos maus-tratos, que constituem crime segundo o artigo 32 da Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais). A pena prevista é de três meses a um ano de detenção, além de multa.
São considerados atos de maus tratos abandonar o animal, mantê-lo preso por muito tempo sem comida e contato com seus donos/responsáveis, deixá-lo em lugar impróprio e anti-higiênico, agredi-lo fisicamente, mutilá-lo, utilizá-lo em shows, apresentações ou trabalhos que possam causar-lhe estresse ou sofrimento. Para denunciar maus tratos, basta ir à delegacia de polícia mais próxima e fazer o registro de ocorrência.
Cavalos explorados X As cinco liberdades
A coordenadora da Coobea ainda chama a atenção para o problema dos cavalos utilizados na tração de veículos (carroças). “As pessoas exploram esses animais, sem garantir as suas necessidades básicas, como água, comida, descanso e assistência médica”, explica. Ela lembra que, na maioria dos casos, os proprietários são pessoas de baixo poder aquisitivo, sem recursos para proporcionar dignidade e qualidade de vida aos cavalos.
A Coordenadoria do Bem-Estar Animal segue os princípios das “cinco liberdades”, que funcionam como uma lista de checagem para avaliar situações que podem comprometer a saúde física e mental dos animais. As “cinco liberdades” pressupõem que os animais devem ser: livres de fome e sede; livres de dor, de lesões e de doenças; livres de desconforto; livres de medo e de estresse e livres para expressar seu comportamento natural.
Cavalos usados em tração precisam de uma ingestão extra de nutrientes para repor a energia gasta rapidamente. Por transitarem em superfícies duras, para as quais seus cascos não estão preparados, costumam mancar e apresentar ferimentos causados por arreios, freios e amarras; pelo próprio veículo ou pela carga, por golpes e açoites desferidos pelo condutor e por quedas.
Mal nutridos, realizando esforço excessivo, submetidos a estresse – provocado pela confusão do trânsito na área urbana - e sem receber tratamento médico-veterinário, cavalos de tração desenvolvem tétano e diversas doenças infecciosas. Quando não conseguem mais trabalhar por estarem doentes, feridos ou velhos, na maioria das vezes são abandonados, sem quaisquer assistências.
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