sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Os Presidenciáveis

José Serra - PSDB

José Serra é filho único de Francesco Serra e Serafina Chirico Serra, já falecidos. O parto foi na casa da avó, em São Paulo, na Mooca. O bairro operário era, na época, endereço de nordestinos e imigrantes italianos e espanhóis pobres, que vinham tentar a vida no Brasil.

A disciplina do pai trabalhador – 364 dias por ano – e a tenacidade da mãe, marcaram o caráter do jovem José Serra. Ele ajudava ‘Seu’ Francesco a vender frutas no Mercado Municipal, depois da escola. Garante que aprendeu a escolher o abacaxi mais doce só de pegar na mão, sem luva e sem se espetar.

Muito bom também em matemática, Serra começou a dar aulas particulares. Assim conseguia dinheiro para se manter: comprar livros, lazer e até pagar um cursinho. O filho e neto de feirantes, que sonhava fazer um curso de mecânica do Senai, seria o primeiro da família a cursar uma universidade.

Política e cultura foram grandes paixões da juventude.Ele mergulhou no teatro como ator e diretor do grupo da Poli. Entrou no movimento estudantil em 1962, como um dos organizadores de uma greve nacional. E despertou a atenção da Juventude Universitária Católica – JUC, principal força no movimento estudantil. Acabou presidente da União Estadual dos Estudantes, sua primeira experiência de gestão.

José Serra passou 14 anos de sua vida afastado do Brasil: 13 anos no exílio e mais um entre idas e vindas clandestinas.

Presidente da União Nacional dos Estudantes, ele precisou sair do país na primeira leva de perseguidos políticos, após o golpe de 31 de março de 1964.

Em janeiro de 1965, Serra voltou clandestinamente ao Brasil, passando pelo Uruguai. Muito visado pelo governo militar, ficou escondido em casas de pessoas corajosas, como Maurício e Beatriz Segall.

Para não colocar mais gente em risco, com ajuda de amigos, seguiu para o Chile. O governo socialista de Salvador Allende era refúgio de perseguidos políticos da América Latina.

Apaixonado pela dança, conheceu a bailarina e psicóloga Monica Allende, com quem se casou.

O golpe de 1973 e o suicídio de Salvador Allende provocaram uma reviravolta na vida de José Serra. Algemado, foi parar numa grande prisão improvisada no Estádio Nacional de Santiago, de onde poucos saíram vivos.

O passaporte diplomático e a origem italiana confundiram os militares, que liberaram José Serra para se apresentar no dia seguinte. Não voltou mais. Conseguiu abrigo na embaixada da Itália e tirou a família de Santiago, sob a mira de armas. Meses depois, Serra deixaria o país rumo a novo exílio, nos Estados Unidos.

Em Priceton, o recomeço em outra língua: aulas para sustentar a família, muito estudo na Universidade de Cornell, e saudades. Em especial da avó, que morreu enquanto Serra estava longe.

Com um mestrado e um doutorado em economia e dois filhos pequenos, Serra voltou definitivamente em 1978. Tinha 36 anos de idade, dos quais havia passado 14 no exterior.

Com o jovem José Serra à frente da Secretaria de Planejamento, o governo Montoro se destacou pela descentralização administrativa e pela austeridade no uso do dinheiro público. Serra enfrentou seus primeiros desafios como administrador e comandou a recuperação financeira do estado para garantir investimentos em transporte, saúde, educação, meio ambiente e saneamento.

Eleito deputado federal pelo então MDB com 160.868 votos, José Serra foi um dos 559 integrantes da Assembléia Nacional Constituinte.

Sua atuação teve como foco o desenvolvimento do Brasil, a proteção do trabalhador desempregado e a preocupação com o bom uso dos recursos públicos, para investir em programas sociais e o fortalecer o país.

José Serra foi ministro do Planejamento (1995-1996) e ministro da Saúde (1998-2002) do governo Fernando Henrique Cardoso.

No Planejamento, foi responsável por programas fundamentais para o desenvolvimento da região Nordeste, como o Prodetur e o Proágua. E batalhou dentro do governo pela política que estimulou a expansão e modernização da indústria automobilística no Brasil.

Parlamentar experiente, como ministro ele impulsionou mudanças da legislação para modernizar e moralizar a saúde pública no Brasil. É o caso da Lei 9.677/98, que alterou o texto do Código Penal para tornou inafiançáveis os crimes contra a saúde e aumentar para 10 a 15 anos de prisão as penas para quem falsifica ou adultera medicamentos, sujeito ao dobro do tempo em caso de morte.

Serra sempre se colocou ao lado do consumidor e do paciente, na defesa de seus direitos. Assumiu a batalha contra os medicamentos falsificados. Interditou o laboratório que vendeu ‘a pílula de farinha’, anticoncepcional popular, mas sem efeito. A Vigilância Sanitária recolheu todas as embalagens do Microvlar anteriores a 23 de julho de 1998.

Para facilitar a vida do consumidor, o Ministério da Saúde criou o Disque Saúde, que recebia ligações gratuitas de qualquer parte do país. Além de registrar denúncias de medicamentos falsos, o serviço prestava informações sobre a rede hospitalar e planos de saúde, além de informar sobre procedimentos de rotina no caso de doenças.

Serra promoveu uma reforma administrativa e cortou gastos desnecessários nas estruturas estaduais e no sistema de compras para aumentar os recursos de hospitais e postos, especialmente no Norte e Nordeste. Assim conseguiu concluir obras paradas e reequipar centenas de unidades de saúde em todo o Brasil. Combateu a corrupção, colocou em dia os pagamentos do Sistema Único de Saúde e criou uma linha direta com os usuários, por carta e pelo telefone para avaliar a qualidade do atendimento e prevenir fraudes.

Em outra frente, Serra triplicou a distribuição de remédios gratuitos, batalhou para baixar o preço dos remédios: reduziu impostos, brigou pela flexibilização de patentes de medicamentos importados e lançou os genéricos. Um sucesso até hoje.

Ele dobrou os recursos da Pastoral da Criança para a médica Zilda Arns atuar no combate à mortalidade infantil. Também apoiou as Santas Casas e trabalhou em parceria com as ONGs, especialmente na campanha de combate à Aids que virou referência para outros países.

Criou a Bolsa Alimentação para 1,4 milhão de famílias pobres, programa de transferência de renda que seria fundido com outros no atual Bolsa Família.

Multiplicou por três o número de agentes de saúde comunitários e por cinco as equipes do Saúde da Família.

Ampliou o tratamento gratuito de câncer.

Promoveu o maior programa de capacitação de enfermeiros da América Latina, o Profae, e diplomou 225 mil auxiliares de enfermagem em todo o Brasil.

Serra instituiu procedimentos para melhorar a qualidade do sangue nas transfusões. E aumentou em 77% o número transplante de órgãos, organizando o sistema por meio de centrais encarregadas de cadastrar pacientes em todo o país em uma lista única. Os critérios transparentes de prioridades e controle de doadores passaram a valer para instituições públicas e privadas. Outra marca de Serra foi a promoção de mutirões de cirurgia, como a de catarata, para reduzir as filas de espera do SUS.

Serra também promoveu mutirões para diagnosticar e operar olhos de diabéticos, hérnia, varizes e próstata. E campanhas para diagnosticar e tratar diabetes e hipertensão.

Duplicou a produção de vacinas brasileiras, expandiu a vacinação gratuita, com fim do sarampo, redução da malária, raiva, tétano, cólera e rubéola e criou o programa de vacinação de idosos que reduziu internações por gripe e mortes.

Teve coragem para contrariar interesses da indústria do fumo, proibindo a propaganda de cigarro e obrigando os maços de cigarro a alertarem para os riscos à saúde dos fumantes.

Aumentou o pagamento pelo parto normal e pela anestesia no SUS, o que reduziu o número de cezarianas. E deu prioridade aos programas de prevenção do câncer.

A atuação do ministro Serra abrangeu do controle da tuberculose às zoonoses, com campanhas nacionais de vacinação de animais. E foi a gestão dele que regulamentou as normas para os planos de saúde, protegendo os mais velhos e portadores de doenças antes excluídas, como distúrbios mentais, AIDS, candidatos a transplantes, entre outras. E conseguiu aprovar no Congresso a lei da reforma psiquiátrica, que vinha tramitando há dez anos.

Em 2004, José Serra foi eleito prefeito da cidade de São Paulo no 2º turno com 3,3 milhões de votos e conseguiu uma economia de R$ 450 milhões com a renegociação de contratos, diminuiu impostos, acabou com a taxa do lixo. E ampliou o bilhete único, integrando o ônibus ao metrô.

Na educação, Serra criou o programa Ler e Escrever, colocando um auxiliar de ensino nas salas de alfabetização, com capacitação e material de apoio. Passou a visitar as escolas e dar aulas de matemática para os alunos da quarta série, ensinando-os a fazer tabelas e gráficos e estimulando-os a ler jornal.

Serra iniciou a construção e reforma de hospitais, para aumentar a oferta de novos leitos para a população.

Organizou e ampliou a distribuição de medicamentos, implantando o Remédio em Casa, um benefício que, gradualmente, atende pacientes de doenças crônicas.

Criou o programa Mãe Paulistana e as AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial), unidades mistas de atendimento e Pronto-Socorro, que beneficiam mais de 300 mil pessoas por mês, de segunda a sábado, doze horas por dia.

Criou a Virada Cultural para aproximar o público das manifestações culturais, promovendo espetáculos gratuitos durante 24 horas em diversos pontos da cidade.

Investiu na limpeza pública, no combate à poluição visual, na urbanização das praças e na recuperação do centro de São Paulo.

Em 2006, Serra renunciou ao cargo para se candidatar ao governo de São Paulo.

Eleito governador em primeiro turno, em outubro de 2006, Serra se destacou pela prioridade dada ao meio ambiente, ao salto de qualidade na saúde, à expansão da educação profissional, ao investimento inédito na cultura e ao ambicioso plano de melhoria de transportes.

Saúde: Instalou em todo o estado uma rede de Ambulatórios Médicos de Especialidades – AMEs. O paciente realiza consultas com médicos de diferentes especialidades e faz os exames na mesma hora. Em três anos e três meses, foram entregues 25 AMEs. Até o fim de 2010 serão mais 15, atingindo a meta traçada no início do governo.

A saúde em São Paulo também melhorou com dez novos hospitais. Um dedicado ao câncer é o maior da América Latina.

A rede de reabilitação Lucy Montoro atende a 4 milhões de portadores de deficiências.

Serra ativou no estado os mutirões do coração e de mamografia que havia promovido no Ministério da Saúde.

O estado bateu recorde em transplantes. Acabou a fila de gente à espera de uma córnea. Agora São Paulo ajuda nos transplantes de outros estados.

Com ajuda da tecnologia, o resultado dos exames de imagem sai em até uma hora.

Serra já entregou uma fábrica de vacinas e outra de medicamentos.

Manteve sua batalha contra o cigarro, aprovando uma lei que proíbe o fumo em locais fechado: um exemplo seguido em outros estados.

Aumentou o programa de remédios de graça. Já são 67 tipos de remédios fornecidos pelo Dose Certa.

A parceria do estado com prefeituras está melhorando a prevenção da dengue.

A mortalidade infantil caiu.

Existem programas especiais para a saúde do idoso.

Serra investiu na construção e manutenção da rede de escolas estaduais, bem equipadas. Foi quase um bilhão em obras, criando 30 mil empregos.

Quase todas as cinco mil escolas têm computador e Internet.

Superou as próprias metas: criou mais 213 escolas técnicas e 49 faculdades de tecnologia, o dobro do início da gestão. No total, 220 mil alunos, também o dobro de vagas, em menos de quatro anos. Ensino de graça e de qualidade, para os jovens da capital e do interior conquistarem um bom emprego.

Trabalho

São Paulo tem o maior salário mínimo do país – piso de R$ 560,00 – e conta com uma super agência de empregos, que funciona pela Internet. Sem pagar nada, as empresas cadastram as vagas no Emprega São Paulo. Em geral são 20 mil oportunidades por mês. De pedreiro, carpinteiro, corretor, tudo quanto é profissão, na maioria das cidades. Quem procura trabalho, também se inscreve pelo computador. Ou vai a um posto de atendimento do trabalhador.

A cultura nunca recebeu tantos recursos e atenção. Foi o orçamento que mais cresceu no governo de São Paulo.

A área social mudou de patamar com a criação da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Com políticas públicas para atender novas demandas da população.

Com um investimento recorde de R$ 65 bilhões, o estado vem priorizando o saneamento e a política ambiental. As obras garantem água tratada, rios despoluídos, praias limpas, mais parques, ciclovias e saúde.

O investimento em transportes atingiu R$ 21 bilhões, incluindo a conclusão do trecho sul do Rodoanel e a Nova Marginal, que desafogaram o trânsito da região metropolitana.

Em 31 de março de 2010, José Serra se afastou do cargo para disputar a presidência da República, sendo substituído por seu vice, Alberto Goldman

Por que quero ser Presidente?

Nenhum comentário: