Os sobreviventes da tragédia ainda não estão fora de perigo. Há muitas doenças que ainda podem atingir as pessoas nessa zona de destruição.
A pedido do Fantástico, um especialista testou o ambiente em Nova Friburgo. Primeiro, uma amostra da água do Rio Bengalas, que corta a cidade. Também foram coletados amostras da lama, da poeira, que é a lama seca, e da água fornecida pela rede de abastecimento da cidade. As análises foram feitas num laboratório creditado pelo Inmetro. O resultado foi o seguinte, de acordo com o especialista:
“Na água do rio, nós analisamos Escherichia coli, que é uma bactéria que é presente no intestino de pessoas, ou seja, um coliforme fecal. O limite dela permitido é de 800 unidades por 100 mililitros, que é um copo pequeno de água, então são 800. Lá tinha 68 mil; 85 vezes maior que o limite”, alerta o professor Gandhi.
Na lama, ainda pior: 92 mil coliformes fecais a cada 100 mililitros: 115 vezes mais coliformes fecais do que o tolerado.
A contaminação na semana da tragédia era ainda mais alta. A correnteza já diluiu boa parte da sujeira.
No ar foram encontradas mais de 2 mil bactérias por metro cúbico. Treze vezes o pior resultado já encontrado por um laboratório na cidade do Rio de Janeiro. O ar está também cheio de fungos, 15 vezes mais que a pior medição.
Uma pessoa respira dois metros cúbicos de ar por hora. Os moradores de Nova Friburgo, então, estão respirando cerca de 4 mil bactérias e 4 mil fungos por hora.
“Esta poeira contaminada com fungos aumenta o risco de alergias respiratórias pras pessoas que tem essa sensibilidade. Também podem provocar conjuntivite, rinite e sinusite”, alerta Esper Kallás, infectologista da USP.
Quanto mais gente vivendo e dormindo no mesmo ambiente, mais facilmente um vírus ou bactéria pode se espalhar.
“Essa é uma situação emergencial. E ela tem que ser o mais provisória possível porque embora tenha ajudado muito essas pessoas, com o passar do tempo a aglomeração, nessas condições de habitação que são muito precárias, começam a facilitar a transmissão de algumas doenças. São doenças de transmissão respiratória. Um exemplo delas é a gripe. E são doenças de transmissão por contato e transmitidas através de alimentos”, explica Esper.
Os hospitais já congestionados na região, vão recebendo gente com outras doenças.
“No primeiro momento, os pacientes eram aqueles politraumatizados, vítimas de acidentes graves, muita fratura. Agora, a gente já está tratando as complicações que são as feridas infectadas, são as diarréias, os vômitos, que são aquelas pessoas que tiveram algum tipo de contato com a água contaminada”, aponta Jamila Calil Salim Ribeiro, secretária municipal de saúde de Nova Friburgo.
Matéria que foi ao ar dia 23/01/11 no Fantástico
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