domingo, 12 de junho de 2011

Taxa de incêndio paga viagem de oficiais bombeiros a Europa e EUA

Em meio a uma de suas maiores crises institucionais, o comando do Corpo de Bombeiros do Rio autorizou, em maio passado, o pagamento de cerca de R$ 694 mil em diárias de viagens internacionais para 33 tenentes-coronéis e 42 capitães inscritos no Curso Superior de Bombeiro Militar (CSBM) e no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO). No custo não estão incluídas as passagens aéreas, também a cargo da corporação. O dinheiro para as diárias sairá do Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), formado pela cobrança da taxa de incêndio e que foi criado para financiar o custeio e os investimentos em material da instituição. Em 2010, o fundo arrecadou cerca de R$ 125 milhões, valor 32% maior do que o registrado em 2007 (R$ 94,5 milhões).

Os oficiais embarcam, em agosto, para Portugal, Alemanha, Itália, França e Estados Unidos. A autorização das viagens consta do Boletim Interno dos Bombeiros publicado nos dias 4 e 5 de maio. Mas o Funesbom tem sido usado também para outros fins, como a construção de pontes e a pavimentação de ruas no interior. No ano passado, cerca de R$ 12,7 milhões foram aplicados em obras em nove municípios do estado.

Cada um dos 33 tenentes-coronéis vai receber por 18 dias de viagem R$ 14.389,76, que devem ser gastos supostamente em alimentação e estada. Já os capitães foram autorizados a gastar, cada um, R$ 5.232,64.

A Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil - que está sendo desmembrada por decisão do governador Sérgio Cabral, na tentativa de contornar a crise no Corpo de Bombeiros - confirmou em nota enviada ao GLOBO as viagens e a autorização para o pagamento das diárias. Segundo o órgão, o uso dos recursos para este fim está previsto na lei que criou o Funesbom. Na mesma nota, a secretaria lembrou que viagens semelhantes acontecem na corporação há 30 anos.

Na prática, o Executivo estadual repete um procedimento antigo na administração do Rio. Em vez de usar dinheiro do caixa do governo para fazer obras de contenção e recuperar as cidades, recorre ao fundo dos bombeiros para bancar esses projetos. No governo de Rosinha Garotinho, até quadras de esportes foram construídas com dinheiro da taxa de incêndio.

Para o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que preside a CPI da Serra na Alerj, a interpretação da lei por parte do governo está errada. Os recursos deveriam ser aplicados em prevenção, como na ampliação do sistema de Defesa Civil no interior.

O Presidente da Associação de Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiro, Nilo Guerreiro fez uma denúncia. Segundo ele, equipamentos já desgastados são enviados para as unidades no interior do estado: 'Essa cultura já é antiga'.

Leia mais sobre esse assunto em O Globo

E na manhã deste domingo, em Copacabana, no RJ, foi promovido um ato pacífico de apoio aos Bombeiros do Estado pela anistia aos 439 bombeiros que foram detidos na semana passada!

Um comentário:

Anônimo disse...

"Notícia importante e inoportuna: Fazendo o papel de advogado do Diabo, O Globo publica matéria sobre desvio de recursos da taxa de incêndio. A denúncia é justa, mas é inoportuna servindo mais neste momento para 'provocar ruído', abalando a onda de solidariedade aos bombeiros. Porque, quem se beneficia da 'marufa' são uns poucos oficiais. Não a corporação que a população apóia."
Outra reportam, com outro ponto der vista do Jornal Folha de São Paulo: http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Fcotidiano%2F928882-governador-do-rio-perde-apoio-com-crise-dos-bombeiros.shtml&h=43571