A proposta de aumentar a tributação sobre a CBF e submeter a
entidade a possíveis auditorias por parte dos órgãos fiscalização não deverá
constar mais no projeto de renegociação das dívidas dos clubes, discutido no
Congresso Nacional. Após solicitação feita por presidentes dos times, o relator
do projeto na Câmara dos Deputados, Otavio Leite, concordou em retirar do texto
os itens que tratavam da Confederação.
Com a mudança, a comissão especial criada para apreciar o
tema na Câmara adiou mais uma vez a votação da proposta, prevista para esta
terça-feira. Foi a quarta prorrogação em três semanas. A previsão é de que uma
nova tentativa de votação seja feita na próxima terça-feira.
Desde o dia 28 de abril, representantes de
clubes estiveram na capital federal discutindo com os parlamentares as mudanças
no projeto. Os principais interlocutores foram os presidentes de Coritiba,
Flamengo e Vitória, que lideram uma comissão instituída pela CBF para
acompanhar as discussões sobre a renegociação das dívidas no Congresso
Nacional.
O trecho polêmico do texto do Otavio Leite previa o
recolhimento de 10% dos patrocínios da CBF para o investimento na iniciação
esportiva, além de aumento em 10% na Cofins (Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social) cobrada da Confederação. Havia ainda um artigo propondo a
possibilidade de a entidade receber o status de "Representante Oficial do
Futebol Brasileiro", com chancela direta da Presidência da República,
sujeitando-se a eventuais auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade,
a inclusão destes pontos no projeto de renegociação das dívidas atrapalharia a
tramitação no Congresso Nacional, considerada urgente pelos clubes.
“Fizemos uma solicitação para que fosse desvinculado o
projeto das dívidas e suas responsabilidades dos demais itens, que seriam
discutidos em projetos posteriores. Essas coisas todas, na nossa visão, são
muito polêmicas e atrapalhariam o projeto. Por sugestão dos clubes, o relator
acatou. Com isso, a gente viabiliza e agiliza o processo”, defendeu Vilson
Andrade.
Também em Brasília nesta terça-feira para acompanhar as
negociações, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, foi outro dirigente
que aprovou as mudanças. Ele, no entanto, lamentou mais um adiamento na
votação.
“Os clubes entendem que votando desta forma fica mais fácil,
porque vamos votar exclusivamente as questões dos clubes, com foco nas dívidas.
Depois a gente vota as outras questões que também são importantes, mas
complementares. Adoraria que esse acordo tivesse sido feito antes.
Infelizmente, a votação ficou para a semana que vem”, afirmou ou mandatário
botafoguense.
Com salários dos jogadores atrasados há três meses,
Assumpção admitiu que o clube precisa da aprovação do projeto para poder
suspender a penhora de suas receitas. O presidente do Botafogo também defendeu
a proposta da renegociação com o argumento de que iniciativas semelhantes já
foram tomadas para recuperar diversos setores da economia.
“Todo mundo sabe que o Botafogo está com 100% das suas
receitas penhoradas. Uma situação grave, a ponto de completar três meses de
salários atrasados... Penhorar 100% das receitas de um clube por conta de
dívidas atrasadas pode parecer uma solução fácil, mas você fica com uma dívida
presente e um problema futuro. Eu vejo (o projeto de renegociação das dívidas)
como uma situação que já foi feita em outros seguimentos da economia do Brasil.
Já fizeram para recuperar ruralistas, bancos, grandes empresas. O futebol faz
parte da indústria do esporte e é responsável por participação substancial no
PIB nacional”, concluiu.
Relator acata mudanças, mas quer discutir situação da CBF
Segundo o relator Otavio Leite, os pedidos para a retirada
do projetos dos artigos polêmicos que envolviam a CBF foram feitos não apenas
por representantes dos clubes, mas também por parlamentares e até mesmo pelo
próprio ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
“O presidente (da Câmara dos Deputados) Henrique Alves (PMDB
/ RN) me procurou pra informar que o projeto com todos esses ingredientes
produziria um nível de discussões e polêmicas que tornaria inviável a votação,
principalmente no Senado. O ministro (Aldo Rebelo) também falou comigo. Temos
que vencer esse primeiro tempo, avançando na situação financeira dos clubes,
para que sobrevivam e tenham um futuro. O segundo tempo da partida, nós
travaremos a discussão sobre a questão da CBF, os contratos e as relações trabalhistas
do futebol”, afirmou o deputado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário