Suspeita surgiu após operação da Polícia Federal no Norte de
Minas. Ação investigava concessão irregular de benefícios do INSS
A Polícia Federal (PF) deflagrou nessa terça-feira (18) a
operação “Curinga” com o intuito de coibir fraude nos cofres da Previdência
Social no Norte de Minas. No curso das investigações, a PF deparou-se com
fortes indícios de crime eleitoral em benefício de candidatos da coligação do
PT. Dessa forma, a operação policial será desmembrada.
Isso porque os nomes dos deputados petistas Reginaldo Lopes,
reeleito para a Câmara dos Deputados e cotado para assumir o Ministério da
Educação, e do deputado estadual Paulo Guedes foram citados no relatório
parcial da PF. O envolvimento dos parlamentares com a quadrilha do INSS foi
descartado, mas eles podem ter sido beneficiados eleitoralmente.
De acordo com o inquérito, benefícios previdenciários,
materiais de construção, combustível, além de cadastros do Bolsa Família,
auxílio-doença, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) e até dentaduras foram oferecidos em troca de voto.
Além da Zona da Mata, o Norte de Minas foi a região na qual
a presidente reeleita, Dilma Rousseff (PT) obteve maior vantagem perante o
tucano Aécio Neves, seu principal oponente. Em Monte Azul, por exemplo, Dilma
obteve 76% dos votos da cidade, enquanto Aécio ficou com 14%. Guedes e Lopes
conquistaram 30% dos votos válidos do município. Lopes foi o mais votado, e
Guedes, o segundo.
Em um dos grampos telefônicos, o vereador Geraldo Moreira
dos Anjos, o Ladim (PT), foi flagrado orientando o eleitor Flávio Custódio
Teixeira a votar nos candidatos do PT. O vereador petista, segundo o inquérito,
intermediou a inclusão da mulher de Teixeira na lista do Bolsa Família. A
inclusão dela no cadastro será investigada, já que a maioria das benesses,
especialmente os programas de transferência de renda e as aposentadorias, foram
destinadas a pessoas que não poderiam ser contempladas.
Em outro diálogo, o vice-prefeito de Monte Azul, Antônio
Idalino, o Toninho da Barraca (PT), foi pego autorizando o caminhão-pipa da
cidade a fornecer água para uma piscina na casa de um eleitor. Numa outra
conversa, o petista determina que a dentista da prefeitura faça dentaduras para
eleitores.
Vice, vereadores e secretários envolvidos
Contra o vice-prefeito de Monte Azul, Antônio Idalino
Teixeira, o Toninho da Barraca (PT), a Justiça Federal em Montes Claros, no
Norte de Minas, decretou mandado de condução coercitiva e busca e apreensão na
casa do político e na prefeitura. Ele é considerado uma das principais peças do
esquema.
O servidor do INSS de Espinosa Ronaldo de Medeiros Boeira e
os vereadores Geraldo Moreira dos Anjos, Geraldo Ladim (PT), e Marineide
Freitas da Silva, a Marineide do Sindicato (PT), foram presos temporariamente.
O mesmo ocorreu com o presidente do sindicato dos
trabalhadores rurais de Monte Azul, Antônio Tolintino, e seu secretário, Nilton
Rodrigues Nunes. Conforme as investigações, os dois são suspeitos de fraudar os
processos de aposentadorias rurais por tempo de serviço. Os benefícios eram
concedidos a pessoas que não preenchiam os requisitos legais.
Já o vereador Francisco de Assis Gonçalves Dias, o Diassis
(PP), foi conduzido para prestar depoimento e teve a casa vasculhada pelos
federais. Depois do interrogatório foi liberado.
Três secretárias de Monte Azul também estão entre os
investigados. São elas: Aurélia de Paula Santos (Educação), Vanessa dos Anjos
Dias (Saúde) e Cássia Michele Gomes (Finanças). Para as três, foram expedidos
mandados de condução coercitiva, além de busca e apreensão em suas residências
e na prefeitura.
Durante todo o dia, a reportagem fez contatos com a
prefeitura e com a Câmara Municipal de Monte Azul, mas até o fechamento desta
edição ninguém foi encontrado para comentar a ação da PF.
Em entrevista ao Hoje em Dia, o deputado Paulo Guedes
classificou a operação de “factoide eleitoral”, mas comprometeu-se a averiguar
o assunto. “Se houve alguma irregularidade, não tenho nada a ver com isso.
Obtive 165 mil votos em todo o Estado. É impossível policiar todos os aliados”,
declarou.
Mais votado do PT em Minas, o deputado federal Reginaldo
Lopes foi procurado no celular e em seu gabinete, em Brasília. A assessora de
imprensa do parlamentar em BH chegou a atender os telefonemas do Hoje em Dia.
Alegou que o parlamentar estava com a agenda cheia de compromissos. Depois,
informou que o parlamentar não iria se manifestar nessa terça.
Operação ‘Curinga’ tem 19 alvos
Ao todo, 19 pessoas são alvo da operação “Curinga”, sendo
que 17 foram levadas para a sede da Polícia Federal (PF) em Montes Claros, no
Norte de Minas, e outras duas são procuradas. A polícia informou ainda que 39
mandados judiciais de busca e apreensão, condução coercitiva e sequestro de
bens estão sendo cumpridos.
Uma segunda fase da operação “Curinga” será deflagrada para
reprimir possíveis crimes eleitorais. Os investigados responderão, neste
primeiro momento, por crimes contra a administração pública, estelionato,
formação de quadrilha e falsidade ideológica, dentre outros. Uma vez
condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes podem ultrapassar 20 anos.
Fontes: Jornal Hoje em Dia / PSDB -MG
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