Ao falar no Plenário sobre a reforma política que vem sendo
discutida nas duas Casas do Congresso, o senador Alvaro Dias se posicionou
contra a aprovação de propostas de criação do financiamento público de
campanhas. O senador lembrou que em 1999, quando também estava em discussão a
reforma política, ele foi relator de uma proposta de financiamento público que
chegou a ser aprovada no Senado, mas que depois acabou engavetada pela Câmara.
Para Alvaro Dias, entretanto, o momento atual, de desorganização partidária, de
excesso de agremiações políticas, de corrupção e criação de legendas de
aluguel, não permitem a criação de um fundo de financiamento das eleições
custeado com recursos da população.
“Os tempos são outros. Em 1999, o quadro partidário era
diferente. Tínhamos um número inferior de partidos representados no Congresso
Nacional. A poluição de hoje não existia, e a deterioração do quadro partidário
brasileiro atual é muito superior à daquela época. Isso me convence a mudar de
posição, inclusive. Confesso que não tenho coragem, hoje, de aprovar
financiamento público de campanha. O quadro partidário é, no mínimo, temerário.
Ele se organiza num ambiente de corrupção, com denúncias as mais graves de que
partidos políticos se transformaram em organização criminosa para a lavagem de
dinheiro oriundo da corrupção. E vamos instituir o financiamento público de
campanha neste cenário? É evidente que seria a proposta ideal, se estivéssemos
vivendo um momento político no País de avanço, de maturidade, de consciência
cívica. Não vivemos esse momento. O quadro partidário brasileiro é a
desorganização completa com partidos cartoriais, administrados de cima para
baixo, como se fossem feudos e propriedade de alguns. Lamentavelmente, esses
partidos são colocados no balcão de negócios a cada pleito eleitoral e oferecem
a mercadoria que possuem, que é o tempo de televisão e rádio, que, na verdade,
não lhes pertence, mas acaba sendo indevidamente transformado em propriedade”,
afirmou o senador Alvaro Dias na sessão plenária.
Outro ponto defendido por
Alvaro Dias foi a introdução das eleições primárias para a escolha de
candidatos majoritários. Para ele, esta é a oxigenação maior que se pode
esperar de uma agremiação partidária: “Precisamos democratizar a atividade
partidária, e as eleições primárias não representam só a valorização das
lideranças, que podem competir, mas, sobretudo, a valorização dos militantes,
que podem influir no processo eleitoral desde o momento primacial da escolha do
candidato que haverá de liderar o projeto partidário”, afirmou.
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