Em seu novo artigo, o advogado criminalista Marcos Espínola
aborda o caso do alpinista que foi morto
a tiros ao errar o caminho e entrar em uma comunidade. Além de afirmar que no
Rio o único caminho certo é o do medo, o resto é sempre uma incerteza. Confira!
A execução do Alpinista Ulisses da Costa é mais uma tragédia
que choca os cariocas não só pela brutalidade, mas pelo motivo fútil, ou seja,
um cidadão errar o caminho e entrar numa rua que, teoricamente é permitida, mas
que na realidade, é um território proibido, dominado por um poder sangrento,
que determina o acesso. Em verdade, não há internet ou GPS que nos salvem, pois
o Rio como um todo virou uma rota nebulosa, na qual a única certeza no caminho
é o medo.
Esse episódio nos faz refletir sobre a que ponto chegamos
enquanto cidadãos que pagam devidamente seus impostos. Independente de haver
comunidades com poder aquisitivo menor ou maior, como os condomínios luxuosos,
fechados ao público, temos o direito de ir e vir garantido pela Constituição. Nada
justifica sermos alvejados.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu e nem será a
última. Em 2013, o engenheiro Gil Barbosa foi baleado na entrada do Complexo da
Maré quando se dirigia ao Aeroporto Internacional e, equivocadamente, entrou na
favela. Em 2011, Valdemiro dos Santos foi morto quando ia para casa pela Via
Light quando o motorista do carro em que se encontrava errou o caminho e entrou
no Morro do Chapadão, sendo alvejados por traficantes. Neste mesmo ano outra
vítima, um policial foi morto também na Maré.E se realizarmos um levantamento
mais profundo identificaremos vários casos semelhantes e em lugares distintos
da Cidade.
Isso significa que não há uma regra ou uma probabilidade
maior ou menor. São mais de mil favelas espalhadas em vários pontos do Rio, da
Zona Norte à Zona Sul. Quase 100% delas com a presença de traficantes, mesmo as
que já contam com a presença das Unidades de Polícia Pacificadora.
Recentes declarações do Secretário de Segurança trouxe uma
reflexão para toda a sociedade. Ele apontou a necessidade de outros agentes
sociais para conter desde moradores de rua que cometem furtos no Centro da
Cidade até a presença de traficantes em comunidades já retomada pelo Estado. Em
verdade, o que ele apontou é o que reivindicamos há tempo, ou seja, só a
presença da polícia não dará conta de violência em nenhum lugar do mundo. É
preciso outras ações sociais para fortalecer não o relacionamento de moradores
com a polícia, mas a cidadania como um todo.
Uma Cidade que recebe turistas do mundo inteiro e que sedia
inúmeros eventos internacionais, não pode ter uma sociedade amedrontada e com a
certeza de que a qualquer momento um caminho errado a levará a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário