Em seu novo artigo, o advogado criminalista Marcos Espínola aborda sobre os recentes casos
de facadas no Rio, que mostram a banalização da vida. Ele ainda afirma que é
necessário haver uma política de ação e não somente de reação, quanto à
segurança pública.
A segurança pública é um tema que há pelo menos 30 anos se
discute de forma rotineira, mas a sensação que se tem é que pouco evolui.
Muitas foram as tentativas de conter a violência. Umas mais bem sucedidas
outras nem tanto, mas no final, o que prevalece é a sensação de insegurança,
fruto da insistência em sermos reativos enquanto o melhor caminho seria ações
proativas, plantando hoje a segurança que queremos colher amanhã.
Em cada capital do país a história se repete e as ondas de
violência proliferam reflexo da nossa limitação em não olhar a questão de forma
mais ampla. Enquanto não entendermos que outras medidas sociais estão
diretamente ligadas a esse problema crônico, estaremos permissivos e sujeitos a
atrocidades nas suas mais variadas formas.
A mais recente acontece no Rio, cujas facadas protagonizam a
crueldade e simbolizam a banalização da vida. Ela tem sido a arma utilizada não
para ameaçar, mas para deliberadamente ferir ou matar, comprovando que, em
verdade, estamos regredindo no que diz respeito à segurança.
Discutir a idade do infrator, a penalidade e tudo mais, são
medidas que, em verdade, demonstram o despreparo de uma sociedade doente e que
insiste em não se prevenir, tendo que sempre correr atrás do prejuízo.
Com educação de qualidade para todos, possivelmente o número
de menores infratores seria mais baixo. E mesmo aqueles que insistissem no
crime, se passassem por instituições capacitadas a ressocializá-los, através de
instrumentos socioeducativos eficazes, certamente recuperariam a cidadania. E,
considerando a reincidência do menor, como o rapaz que matou o médico na Lagoa,
com mais de 15 anotações de crime, que cumpra metade da pena que seria dada a
um delinquente de maior de idade revogando os benefícios da lei nos crimes
contra a vida. E ponto final.
Há uma perda de tempo enorme e uma hipocrisia maior ainda
nessa discussão sem fim. Todos sabem que a educação é a chave para uma
sociedade mais consciente, para uma juventude melhor, física e
psicologicamente. Sem oferecer condições dignas de vida, sem uma distribuição
de renda equilibrada, sem saúde de qualidade e tantos outros requisitos básicos
para a cidadania, não avançaremos. Estaremos aqui mais 30 anos discutindo o
sexo dos anjos.
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