“Trabalhador... dentista, frentista, polícia, bombeiro...
trabalhador brasileiro”. Esse trecho da composição de Seu Jorge resume de forma
criativa o nosso povo na batalha diária, mesmo com todas as dificuldades. No
entanto, a violência tem sido impiedosa, transformando nossas rotinas e
tornando as cidades em verdadeiras praças de guerra. E no olho do furacão todos
nós, população, polícia e bandido, formando o tripé de uma realidade sangrenta.
Recentemente, vários episódios retrataram o atual cenário do
Rio de Janeiro. Em plena luz do dia, cenas de terror, com tiroteio que parou o
trânsito, com uma disputa destemida entre facções, ameaçando a vida de
inocentes. A cena de um pai em busca de abrigo atrás do carro na Linha Vermelha
foi o cúmulo do absurdo.
A sensação de perigo é constante e a polícia luta para frear
essa onda, porém, como ratos, a bandidagem está em toda a parte. Nesse
contexto, o policial também se encontra numa posição delicada, sendo obrigado a
ficar em alerta total. Como os gladiadores na idade média, que eram jogados na
arena, diariamente eles estão no confronto direto com delinquentes sem saber de
onde eles vêm.
Com isso, infelizmente, algumas tragédias aconteceram e por
mais que parte da população não entenda, o policial vive em estado de estresse,
levado a reações, cujo desfecho, nem sempre é o esperado. Mortes cuja definição
é a mais pura fatalidade, pois certas de atitudes são movidas pelo instinto de
sobrevivência. A chamada legítima defesa putativa que é quando alguém
erroneamente se julga em face de uma agressão atual e injusta, e, portanto,
legalmente autorizado à reação que empreende. Traduzindo, é quando alguém
avalia uma situação de ameaça ou perigo, reagindo de forma a defender seu
semelhante ou a si mesmo.
É difícil para todos compreender o que está acontecendo,
mas, lamentavelmente, chegamos a um estágio no qual os cidadãos de bem estão
sendo colocados uns contra os outros. A população desconfia da polícia e a
polícia da comunidade, pois esses trabalhadores são criticados quando é
considerado omisso, mas também “condenado” pela sociedade quando há uma vítima
que não tem antecedentes criminais.
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