O ano é outro, mas a percepção é que o cenário pouco mudou e
que as perspectivas não são boas. Não é uma afirmação, mas sim, uma
constatação, pois por onde passamos e com quem conversamos, a visão quanto à
crise é a mesma. O que se ouve é inflação, desemprego e falta de dinheiro. No
entanto, necessitamos, dentro do possível, de um olhar mais otimista para
seguir em frente, mesmo que a luz do fim do túnel ainda não esteja visível.
Mais que um desejo, o otimismo é uma necessidade.
Não é questão de ser simplório ou piegas, mas para lidar com
esse contexto precisamos nos reinventar. Sabemos que o comércio amarga um dos
piores desempenhos de décadas e que as indústrias brasileiras, que há mais de
20 anos agonizam sem condições de investir em inovação,se seguram como podem,
se transformando em meras montadoras de produtos importados. Aquelas de menor
porte estão fechando as portas.
É inegável que as dificuldades são enormes. Mas, com mais de
20 anos atuando em pedidos de indenizações contra o Estado, cujas ações em sua
maioria remetem às vítimas da violência urbana, aprendi a exercitar o otimismo, porque sei bem o sofrimento e a via crucis de cada família em busca do seu
direito, essencialmente nos casos que não tem visibilidade.
Ainda assim, mesmo quando há notoriedade, como o
desaparecimento do Pedreiro Amarildo ou o da Claudia, arrastada de forma
absurda pela viatura policial, a briga é grande, pois o defunto passa a sair
caro para o Estado que, o quanto pode, resiste para não arcar com a
indenização. E não para por ai, nos casos de vítimas de acidentes de trabalho,
acidente aéreo, entre outros, a história é a mesma.
Essa vivência me fez e ainda faz a cada caso buscar forças e
otimismo necessário não só para transmitir às vítimas, mas para eu chegar ao
resultado final, que é o da justiça feita.
Assim como nos casos que atuo, a atual crise no país,
provocada não por uma má gestão, mas pela crise ética e moral na política
brasileira, é perversa para cada cidadão brasileiro. Mas, assim como vale a
pena alcançar o bom resultado de uma ação, cuja mãe que perdeu um filho lutou
por justiça, acredito que devemos acreditar que em breve esse cenário irá mudar
e toda a corja responsável pelo caos será devidamente punida. Como cantava Tim
Maia”....quem sofre tem que procurar, pelo menos vir a achar razão para viver”.
João Tancredo é advogado especializado em Responsabilidade Civil
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