Seria normal que, ao nos deparamos com esse título,
remetessemos nosso pensamento para as milhares de pessoas que sofrem as
atrocidades do Estado mulçumano. Mas não, o terrorismo está aqui. A matança de
inocentes, incluindo crianças passou ser uma realidade. Há algumas semanas foram duas as vítimas da violência e do Estado, que não cumpre o dever
fundamental de garantir o direito de ir e vir. E nesse caso, por ironia, eles
foram executados na porta de casa, onde só queriam exercer o direito de
brincar.
Enquanto o Estado se coloca como vítima, alegando a falta de
dinheiro, o povo paga com a própria vida. Não é uma fatalidade e, sim, fruto de
sucessivas gestões desastrosas, focadas nos interesses próprios e partidários.
Sabendo que a maior parcela da arrecadação depende do setor
petroleiro, não teria o governo, que já foi a capital do país se planejar
melhor? Analisar o cenário futuro e traçar estratégias em torno de planos
alternativos são iniciativas elementares numa gestão séria. Mas o gestor
público no Brasil não leva a sério essa missão, visando apenas os anos de
mandato e os projetos em torno do grupo que almeja eternizar-se no poder.
Enquanto isso, a população sofre os efeitos do descaso. As
mortes brutais dos pequenos Matheus, em Majé, e do Ryan, em Madureira, refletem
a falta de proteção do Estado ao cidadão. Enquanto contribuintes não recebemos
nem 1/3 dos serviços que deveríamos, não por ser merecedores, mas por pagarmos
por eles, através de muitos impostos.Os hospitais continuam superlotados e sem
estrutura para atender a demanda. As filas permanecem, a precariedade aumenta e
o sofrimento de cada paciente parece sem fim. Na educação a situação é
desesperadora, com escolas sem aula, sem merenda e segurança para os
professores e alunos. E assim acontece em cada setor, como habitação,
transporte etc.
Além da má gestão, falta fiscalização, dignidade e
consciência das autoridades que gerem a máquina pública. Com trabalho,
honestidade e acompanhamento de cada processo seria possível minimizar as
perdas proporcionadas pelos desvios de verbas das merendas, medicamentos e
tantos outros.
Hoje, nosso maior inimigo, seja no Rio ou no Brasil como um
todo, é o próprio Estado que de democrático não tem nada, muito menos de
protetor. Por isso, somos todos nós potenciais vítimas do terror da violência
urbana, equiparado aos países em guerra.
João Tancredo é Advogado especializado em Responsabilidade Civil
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