domingo, 17 de abril de 2016

Vítimas do terror e da má gestão - por João Tancredo

Seria normal que, ao nos deparamos com esse título, remetessemos nosso pensamento para as milhares de pessoas que sofrem as atrocidades do Estado mulçumano. Mas não, o terrorismo está aqui. A matança de inocentes, incluindo crianças passou ser uma realidade. Há algumas semanas  foram duas as vítimas da violência e do Estado, que não cumpre o dever fundamental de garantir o direito de ir e vir. E nesse caso, por ironia, eles foram executados na porta de casa, onde só queriam exercer o direito de brincar.

Enquanto o Estado se coloca como vítima, alegando a falta de dinheiro, o povo paga com a própria vida. Não é uma fatalidade e, sim, fruto de sucessivas gestões desastrosas, focadas nos interesses próprios e partidários.

Sabendo que a maior parcela da arrecadação depende do setor petroleiro, não teria o governo, que já foi a capital do país se planejar melhor? Analisar o cenário futuro e traçar estratégias em torno de planos alternativos são iniciativas elementares numa gestão séria. Mas o gestor público no Brasil não leva a sério essa missão, visando apenas os anos de mandato e os projetos em torno do grupo que almeja eternizar-se no poder.

Enquanto isso, a população sofre os efeitos do descaso. As mortes brutais dos pequenos Matheus, em Majé, e do Ryan, em Madureira, refletem a falta de proteção do Estado ao cidadão. Enquanto contribuintes não recebemos nem 1/3 dos serviços que deveríamos, não por ser merecedores, mas por pagarmos por eles, através de muitos impostos.Os hospitais continuam superlotados e sem estrutura para atender a demanda. As filas permanecem, a precariedade aumenta e o sofrimento de cada paciente parece sem fim. Na educação a situação é desesperadora, com escolas sem aula, sem merenda e segurança para os professores e alunos. E assim acontece em cada setor, como habitação, transporte etc.

Além da má gestão, falta fiscalização, dignidade e consciência das autoridades que gerem a máquina pública. Com trabalho, honestidade e acompanhamento de cada processo seria possível minimizar as perdas proporcionadas pelos desvios de verbas das merendas, medicamentos e tantos outros.

Hoje, nosso maior inimigo, seja no Rio ou no Brasil como um todo, é o próprio Estado que de democrático não tem nada, muito menos de protetor. Por isso, somos todos nós potenciais vítimas do terror da violência urbana, equiparado aos países em guerra.

João Tancredo é Advogado especializado em Responsabilidade Civil

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