Quarta-feira (25) foi um dia histórico para as mulheres
brasileiras, daqueles que, por mais que a gente queira, não conseguirá apagar
da memória. Data para marcar no calendário, com a criação de uma legislação mais
dura contra os estupradores e a adoção de políticas de acolhimento realmente
efetivas para suas vítimas.
Foi quando assistimos, indefesas contra a violência que
entra em nossas casas pelas redes sociais, ao estupro coletivo de uma menina de
16 anos, perpetrado por 30 criminosos e gravado em seus mais escabrosos
detalhes, para que pudesse ser exibido depois, como um troféu perverso. Um
prêmio de sangue, outra vida arruinada.
O Brasil não ama suas mulheres. As exibe, vive de suas
curvas, exploradas sem pudor em cartazes de turismo no exterior, um ingrediente
a mais em um já exuberante mundo tropical. Se orgulha de sua beleza natural,
alegre e despojada, mas não as ama. Como já se sabe, desde o século XX, “quem
ama não mata”, e somos o 5º país que mais mata mulheres no mundo. Assim, sem
maiores justificativas. Morremos porque nascemos mulheres, ponto.
A cada três horas uma mulher é estuprada no Brasil dos
homens cordiais. O que acontece com elas, já sabemos, basta ler a matéria em O Globo, contando o dia seguinte da vítima que sofreu o ataque selvagem
de trinta, repetindo, caso alguém não tenha entendido: trinta homens! A mocinha
tentou fugir do hospital várias vezes e só pensa em voltar para casa, onde
esperam por ela a falta de solidariedade das amigas, os cochichos nos
corredores da escola, a discriminação.
Fica, entretanto, a curiosidade: o que acontece com os
criminosos, que estupram uma brasileira a cada 3 horas no país? Presos, não
estão, ou os casos diminuiriam. Identificados como predadores sexuais, muito
menos, ou a comunidade em que vivem protegeria desses monstros as suas meninas.
O que faz o Estado com eles? O que se segue ao caso de estupro, sempre tão
devastador para a vítima quanto motivo de prazer e orgulho para o estuprador?
A responsabilidade não é apenas estatal, é evidente, mas
coletiva. Mães criaram estes homens e falharam, em sua missão de transmitir a
eles o respeito que todas as mulheres merecem e exigem receber; escolas os
acolheram e deveriam ter educado mas…o que, exatamente faz o Estado, para nos
proteger dos monstros que sistematicamente prende e devolve à sociedade, pouco
depois?
Como mãe, avó e presidente do PSDB Mulher Nacional venho a
público nesta quinta-feira de Corpus Christi exigir que o sofrimento enfrentado
por essa criança, a exemplo de tantos outros casos passados, não caia em
esquecimento, depois de alguns dias nas manchetes dos jornais; que o Estado,
sob novo governo, olhe com mais sensibilidade para o drama que enfrentam as
brasileiras e que políticas de prevenção e punição para crimes de gênero
realmente efetivas, sejam implementadas no país.
Solange Jurema
Presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB
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