Alunos do SENAI Nova Friburgo criaram kit para adaptar
máquinas de costura industrial para serem utilizadas por pessoas portadoras de
deficiência nos membros inferiores
A operação de uma máquina de costura comum requer o uso de
pedais e joelheiras, o que inviabiliza a utilização por uma pessoa portadora de
deficiência física em membros inferiores. Inclusão é um dos temas da edição
2016 do Desafio SENAI de Projetos Integradores, iniciativa da instituição para
desenvolver em seus alunos a capacidade de trabalhar em grupo, propor ações
inovadoras e pensar de forma empreendedora. E é justamente nesse tema que
quatro estudantes de Nova Friburgo ganharam destaque, passando para a final da
competição, que tem a participação de alunos de todo o Brasil.
Os jovens de Friburgo criaram o Kit Acesse, um dispositivo
eletromecânico que pode ser instalado em máquinas que tenham o motor elétrico
convencional com embreagem mecânica ou Direct Drive – que é um tipo de motor
com acionamento direto, ou seja, não precisa de elementos de fixação ou de
transformação de energia. Ele é dotado de um pequeno controle analógico,
similar aos utilizados em joysticks para jogos eletrônicos, ligado a uma placa
receptora de sinais que converterá o movimento feito pelo operador em
micromovimentos a serem realizados por um motor de passo, sendo este acoplado
ao motor da máquina de costura.
O controle analógico fica posicionado para ser usado pela
mão direita do usuário e poderá ter seu posicionamento ajustado visando a
melhor ergonomia do operador. Toda a arquitetura eletrônica e de controle do
projeto foi feita em Arduino, uma plataforma de prototipagem, dotada de placa
única e oferecida como um hardware livre.
A solução é fruto do trabalho de José Felipe de Carvalho
Araújo e Ramom Souza da Silva, estudantes do curso técnico em Automação; e de
Pedro Augusto de Souza Miranda e Wellyson Gomes Amorim, que cursam o técnico em
Vestuário. De acordo com estimativas dos estudantes, o custo de produção do Kit
Acesse será baixo, tornando o projeto uma alternativa viável. Ponto para a
inclusão social, principalmente em Nova Friburgo, capital da moda íntima. O
resultado do Desafio SENAI de Projetos Integradores será divulgado em novembro,
em Brasília.
Marcelo Porto, presidente do Sindicato das Indústrias do
Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest) acredita que a inovação permitirá uma
inclusão por completo do trabalhador e beneficiará as 1900 empresas que fazem
parte cadeia produtiva do setor. “O projeto permitirá a acessibilidade e a
inclusão verdadeira das pessoas com deficiência nas confecções, inclusive
permitindo a descoberta de uma nova força de trabalho que não era prestigiada
devido a operação tradicional das máquinas de costura”, afirmou.
Projeto Integrador
Parte da metodologia de ensino do SENAI, o projeto
integrador tem a proposta de unir alunos de diferentes cursos e desafiá-los para
criar soluções inovadoras para provocações da vida real. No ano passado, Nova
Friburgo iniciou uma série de interações entre os estudantes e empresários do
setor metalmecânico com o intuito de gerar maior interação entre mercado e
aprendizado.
O presidente do Sindmetal (Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Nova Friburgo), Cláudio
Tangari, é um dos principais entusiastas dessa nova roupagem da metodologia. “O
projeto integrador vem para motivar o aluno e adequar o ensino ao serviço do
SENAI com inovação e empreendedorismo”, ressalta o empresário. Cláudio destaca
que essa relação direta com o mercado contextualiza o aluno, que passa então a
ter mais clareza na hora de atender as expectativas de empresas de qualquer
setor.
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