O Ministério Público Federal em Brasília (MPF/DF) divulgou na tarde desta sexta, 09, a denúncia à Justiça de quatro pessoas, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e o seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva, pelos crimes de tráfico de
influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Apresentada no âmbito
da Operação Zelotes, a ação penal é resultado de investigações que apuraram o
envolvimento dos dois e do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni - também denunciados
- em negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen
pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a
montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627.
Segundo o MPF, os crimes foram praticados entre 2013 e 2015
quando Lula, na condição de ex-presidente, integrou um esquema que vendia a
promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as
empresas MMC, grupo Caoa e SAAB, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos
e Diplomacia LTDA (M&M). Em troca, Mauro e Cristina, donos da M&M,
repassaram a Luís Cláudio pouco mais de R$ 2,5 milhões.
Ao longo de 154 páginas, os procuradores da República Hebert
Mesquita, Frederico Paiva e Anselmo Lopes descrevem a atuação dos envolvidos
nos dois fatos a partir da existência do que chamaram de “uma relação
triangular”: um dos vértices era formado pelos clientes da M&M - que
aceitaram pagar cifras milionárias por acreditar na promessa de que poderiam
obter vantagens do governo federal – outro, pelos intermediários (Mauro,
Cristina e Lula) e o terceiro, pelo agente público que poderia tomar as
decisões que beneficiariam os primeiros (a então presidente da República Dilma
Roussef). Durante as investigações, não foram encontrados indícios de que a
presidente tivesse conhecimento do esquema criminoso.
A narrativa foi construída com base na análise de documentos
apreendidos por ordem judicial - tanto no âmbito da Operação Zelotes quanto da
Lava Jato - (por meio de inquéritos policiais), além de informações prestadas
em depoimentos, como o do próprio ex-presidente Lula e de um representante da
SAAB no Brasil, Bengt Janér. Entre as declarações feitas pelo executivo da
Quadricon, que, durante um período era contratada pela companhia sueca, está a
de que, a partir de 2009, o processo de compra dos aviões tornou-se mais
político do que técnico. Um Procedimento Investigatório Criminal (PIC),
instaurado na Divisão de Combate à Corrupção, do MPF/DF, para apurar a compra
dos caças também serviu de base para a ação.
Na denúncia, o MPF sustenta que a promessa de interferência
no governo por parte do ex-presidente Lula (venda de fumaça) rendeu ao seu
filho, Luís Cláudio o recebimento de vantagens indevidas e que o valor
repassado só não foi maior por causa da deflagração da Operação Zelotes, em
março de 2015. Segundo a ação, a expectativa era de um recebimento total de R$
4,3 milhões, sendo R$4 milhões da M&M e o restante da montadora Caoa. Entre
os meses de junho de 2014 e março de 2015, a M&M fez nove pagamentos à LFT
que somados chegaram a exatos R$ 2.552.400,00.
Nenhum comentário:
Postar um comentário