Ao se
elegerem prefeito e vice-prefeita de Cordeiro, como já previam na campanha
eleitoral, Luciano Batatinha e Maria Helena estavam cientes de que herdariam
sérios problemas na Administração Municipal cordeirense, especialmente por
saberem da grave crise financeira e consequente escassez de recursos.
Trabalhando em sintonia, já na primeira semana de governo, eles constataram o pior: a Prefeitura de Cordeiro está pior que imaginavam. A
cada instante são apurados novos casos envolvendo questões administrativas e
jurídicas, que são estudadas caso a caso. O caos é inimaginável e o prefeito
estuda até mesmo a possibilidade de decretar ‘Estado de Calamidade Financeira’
para tentar equilibrar débitos deixados pela gestão anterior.
“Maria Helena e
eu estamos trabalhando diuturnamente para resolver as questões emergenciais.
Limpeza urbana, veículos irregulares, pagamentos atrasados, escolas em péssimo
estado e ausência de medicamentos são apenas a ponta do iceberg. Monitoramos as
ações e vamos tratá-las dentro da legalidade”, confirma Luciano.
Lixo e entulhos nos bairros
Apontando o momento como caótico, o prefeito tem observado
ruas mal conservadas, inclusive com acúmulo de toneladas de lixo e entulhos em
diversos pontos da cidade, como no Retiro Poético, maior e mais populoso bairro
da cidade, onde tais questões são ainda mais visíveis. “Além da impressão
visual desagradável, isso redunda na proliferação de vetores e risco de
surgimento de doenças, que ameaçam principalmente crianças e idosos”, enfatiza
o prefeito, que demonstrou total insatisfação com o que chamou de descaso total
com a população.
Veículos irregulares e sucateados
Disposto a buscar parcerias com Estado, União e também com
diversos deputados interessados em auxiliar Cordeiro nesse momento de
dificuldade econômica, Luciano Batatinha se viu diante de outra incômoda
encruzilhada: a ausência de veículos para viagens oficiais. “Tive de recorrer à
Câmara e requisitar a cessão temporária de um carro para atender ao gabinete”,
lembra o prefeito.
A maioria absoluta dos carros pertencentes à municipalidade
está em estado vexatório e não pode sequer ser utilizada. Muitos deles estão
sucateados e outros em desconformidade com as leis de trânsito vigentes, pois
em alguns casos nem mesmo a documentação se encontra regularizada. “Isso sem
contar aqueles que vinham trafegando em vias locais e estaduais com pneus
carecas, defeitos mecânicos e falta de manutenção, colocando muitas vidas em
risco”, diz a vice-prefeita Maria Helena.
Atraso nos pagamentos
Entre as situações que Luciano e Maria Helena julgam ser
inadmissíveis está o atraso deixado pela administração passada, quanto aos
pagamentos do funcionalismo. Os inativos ainda não receberam 13º e salários de
dezembro. Já com os ativos efetivos o atraso se refere à folha de dezembro,
enquanto que comissionados da Administração não receberam 13º, mesma situação
dos contratados e conselheiros tutelares, e os comissionados da Saúde estão com
13º e dezembro em atraso.
Entre folha de pagamento e obrigações patronais, a
dívida deixada pela administração anterior com o funcionalismo efetivo se
aproxima dos R$ 2,5 milhões. Com o IPAMC (Instituto de Pensão e Aposentadoria
de Cordeiro) os números apontam R$ 1.007 mil devido aos inativos e
pensionistas. No total, as cifras ultrapassam a casa dos R$ 3,5 milhões.
“Servidor é patrimônio do município e deve ser tratado como tal. Além disso,
dezenas de fornecedores também enfrentam adversidades por pura falta de
planejamento”, reforçou o novo prefeito.
Além disso, ao Hospital Antônio Castro são devidas, a título
de repasses, quatro parcelas de R$ 500 mil, totalizando R$ 2 milhões, mais o
que deveria ser destinado ao pagamento dos servidores da entidade hospitalar,
algo em torno de R$ 1 milhão. Ou seja, R$ 3 milhões de débito. “Só até aqui já
falamos sobre dívidas de mais de R$ 6 milhões”, se alarma Luciano.
Respeito à legalidade
Falta de transparência e de observância às leis. Assim,
Luciano e Maria Helena analisam um fato constrangedor ocorrido na
segunda-feira, 02. Comissionados e contratados do governo passado foram à
Prefeitura em busca do 13º salário, que não havia sido pago pelo ex-prefeito na
data determinada por lei. O atropelo aconteceu porque foi creditado, em 31 de
dezembro de 2016, último dia da administração passada, verbas do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), com recursos de repatriação do exterior, no
valor de R$ 644.306, 36. Com isso, o ex-prefeito emitiu cheques para serem
compensados no início de 2017, outro fato incomum, que causou estranheza aos
novos líderes municipais, já que os pagamentos eram feitos comumente através de
transmissão bancária, com o dinheiro caindo diretamente na conta dos
servidores.
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