Nova Friburgo, em 1980, foi o primeiro município do Estado do Rio de Janeiro a apostar no cultivo de produtos orgânicos. Os agricultores se reuniram e decidiram, em 1984, criar uma feira para expor e vender esses produtos. Hoje, com o apoio do Governo Sérgio Xavier, Nova Friburgo quer retomar a tradição de comercialização de produtos saudáveis dentro do município. A partir de sábado (04), os agricultores poderão vender seus produtos na Praça do Suspiro. A feira será realizada todos os sábados das 7h às 13h.
Inconformados com a degradação dos solos e a poluição aos rios que os agrotóxicos causavam, os agricultores friburguenses se reuniram e debateram uma maneira de cultivar os alimentos sem causar danos ao meio ambiente, ao trabalhador rural e aos consumidores. Com isso, em 1980, Nova Friburgo foi pioneira no Estado do Rio de Janeiro no cultivo orgânico.
Logo depois, foi introduzido na região o manuseio agroecológico. No ano de 1984, Nova Friburgo se tornou a primeira cidade brasileira a criar uma feira para comercializar os produtos orgânicos, a “Feirinha da Saúde”, sendo fundada no ano seguinte a Associação dos Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), primeira organização de produtores orgânicos do país.
Atualmente a feira é organizada pelo grupo de produtores do SPG (Sistema Participativo de Garantia) da ABIO de Nova Friburgo – mesmo grupo que deu início ao movimento nos anos 80. O SPG avalia a conformidade orgânica e fornece a garantia dos produtos orgânicos do grupo. A feira conta também com o apoio direto da Secretaria de Ordem Urbana, como revelou o secretário, Coronel Hudson.
“A Secretaria de Ordem Urbana sempre apoia as boas iniciativas, inclusive, acompanhamos todo o processo inicial. Já havia uma autorização para funcionar no Cônego, mas com o avanço desta ideia de vida saudável, nós decidimos transferir para a Praça do Suspiro.”
O produtor Dejait Lopes da Fonseca, que utiliza o sistema Agro Florestal – plantação em meio à mata fechada – para produzir raízes, frutos, ovos e tubérculos (ex: batata), vê com bons olhos a volta da feira orgânica. “Essa feira é muito importante para os pequenos produtores escoarem a produção, principalmente por ser no mercado local, o que gera menos custo para nós, podendo assim ter o preço em conta para o consumidor. Tendo essa feira todo sábado, nós vamos ter o contato direto com o consumidor, podendo valorizar nosso produto, fazer essa integração campo/cidade levando as pessoas para conhecer a produção, porque a agricultura é importante e tendo esse contato as pessoas passam a valorizar mais o homem do campo.”
Outra produtora, Jovelina Fonseca, que utiliza o sistema de plantio normal - com os alimentos separados em hortas e também com utilização de estufas – além de ovos orgânicos, citou a proximidade da produção como fator preponderante para os preços acessíveis e o contato frente a frente com o consumidor para criar uma fidelidade.
“A feira é uma boa oportunidade para valorizar essa linha de produção, com produtos orgânicos, sem agrotóxicos. É uma oportunidade de explicar ao consumidor que o alimento orgânico não é nenhum bicho de sete cabeças. É a oportunidade de estar frente a frente com o consumidor, convidar ele para conhecer a produção e com isso poder lucrar, seja cobrando para fazer um ‘tour’ pela propriedade, realizando oficinas temáticas, vendendo produtos aos visitantes, criando uma fidelidade com o consumidor. A vantagem de vender em um local próximo à produção é a geração de um lucro direto, seja no financeiro, como também no ganho de tempo.”
Inicialmente, a feira deve contar com oito barracas, mas o subsecretário de Ordem Urbana, André Luis Santos, revelou um acordo para introduzir os produtores que estão na fase de transição da produção tradicional para a orgânica, já que nesse período de adaptação a plantação sofre para se adaptar e os alimentos têm algumas imperfeições, o que dificulta a comercialização. A iniciativa visa estimular novos adeptos a agroecológia.
“O agricultor que está na fase de transição é o que mais precisa da possibilidade de escoação da produção, porque o mercado tradicional rejeita, quando a produção não é padrão. Com isso, ele fica num nimbo entre produção e comercialização. O que nós solicitamos é que a feira abra 50% do número de barracas solicitado, que a principio seriam oito, ou seja, que abram pelo menos quatro barracas para esses produtores que estão nessa fase de transição, exatamente para estimular esses produtores a aderir à agricultura orgânica”, revelou o subsecretário.
A iniciativa da feira orgânica não visa apenas amadurecer a ideia de um estilo de vida saudável, ou perpetuar a tradição da feira orgânica criada em 1984. Como revelou o secretário de Ordem Urbana, Cel. Hudson, o objetivo é manter o hábito do cultivo orgânico no município, que seja passado por gerações.
“Eu sou adepto desse cultivo orgânico, tenho certeza de que é fundamental para a saúde. Hoje já podemos ver produtos orgânicos em alguns mercados aqui do município, sem nenhum agente químico, o que é muito importante. Quem sabe fixar os filhos dos agricultores, que eles se entusiasmem e continuem lhe dando com esse tipo de agricultura, perpetuando junto à família esse hábito.”
O Prefeito Sérgio Xavier destacou o amor que essas pessoas têm pela terra citando o caso da filha de um dos agricultores que, apesar de formada no ensino superior, prefere o campo, para logo depois reforçar a importância de incentivar os produtores rurais. “Nós também detectamos que as pessoas, inclusive as mais jovens, querem continuar na agricultura, acham uma atividade interessante, acham que podem levar adiante com novas tecnologias. Temos inclusive o caso de uma menina chamada Ananda; ela fez curso superior na área de gestão, mas declarou para nós que o desejo dela é ser agricultora como os pais, de levar adiante o projeto”.
Benefícios da Agricultura Orgânica
A agricultura orgânica consiste em cultivar os alimentos sem o uso de produtos químicos, o que gera benefícios ao meio ambiente, para os animais, para os alimentos e até para quem trabalha nos sítios. Ela utiliza solo fértil, com rotação de culturas, adubos e fertilizantes naturais e os alimentos produzidos são mais nutritivos e saborosos que os convencionais. Além disso, a cultura orgânica proíbe o uso de alimentos geneticamente modificados. A feira pretende, ainda, comprovar que os produtos orgânicos não são mais caros.
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