Ao falar no Plenário sobre a polêmica em torno da
fosfoetanolamina, que gerou a realização de uma comovente audiência pública
na quinta-feira (29), o senador Alvaro Dias reivindicou do governo federal
que adote providências urgentes para superar o impasse em torno da distribuição
da substância. O senador questionou a proibição para que a fosfoetanolamina
seja entregue a pacientes com câncer, e disse repudiar o que ele chamou de
“dogmatismo formalista” dos órgãos oficiais do setor de saúde, cuja demora na
avaliação e liberação de medicamentos acaba por provocar mortes.
“Não sendo a fosfoetanolamina uma substância ilícita, pode
se proibir que alguém produza ou que alguém se utilize do medicamento para
salvar a própria vida? Essa é uma indagação que tem que ser respondida pelos
órgãos responsáveis do Poder Executivo. O que nós repudiamos é esse dogmatismo
formalista que é criminoso porque acaba matando seres humanos. Nós temos feito
apelos aqui, temos legislado sobre a questão, mas quem tem o poder de decidir é
o Poder Executivo. Testes clínicos já foram realizados, mas, se o governo e os
órgãos públicos entenderem que não são suficientes, que sejam realizados
oficialmente novos testes para a confirmação da validade desse medicamento como
solução para a doença do câncer. O governo precisa agir rapidamente, pois essa
é uma questão de estado. O que vimos hoje de manhã foi o debate da esperança,
do direito à esperança, do direito à saúde, do direito à vida, um debate,
aliás, que emocionou a todos os presentes”, afirmou o senador na Tribuna.
Polêmica judicial
Enquanto a Justiça recebe centenas de pedidos de liberação
do uso da substância por portadores de câncer, o Ministério da Saúde, com
atraso, decidiu na quinta-feira criar um grupo de trabalho para estudar a
fosfoetanolamina, a chamada “pílula do câncer”. Os representantes do governo
afirmaram que a intenção é a de “dar uma resposta à sociedade”, mas o grupo de
trabalho terá prazo de 60 dias para apresentar uma linha básica de atuação, o
que deverá acontecer somente no começo do ano que vem, por conta das festas de
final de ano.
No anúncio da criação do grupo de trabalho, o ministro da
Saúde, Marcelo Castro, fez um apelo para que pessoas não usem a substância.
Pelo que se viu na audiência pública realizada pelo Senado, centenas de pessoas
não devem desistir de ingressar com ações na Justiça para receberem o mesmo
benefício concedido pelo ministro Luiz Edson Fachin a um paciente do Rio de
Janeiro.
No seu pronunciamento no Plenário, o senador Alvaro Dias fez
referência à disputa judicial criada em torno do uso da fosfoetanolamina, que
chegou ao Supremo Tribunal Federal. Alvaro Dias reproduziu o que afirmou o
ministro Fachin, que na sua decisão de conceder o uso da fosfo a um paciente do
Rio de Janeiro, alegou que a medida não abriria precedente para que outros
pacientes, em situações diferentes, conseguissem acesso às cápsulas que,
supostamente, curariam o câncer.
“Os protocolos médicos e científicos são requisitos imprescindíveis para a liberação de qualquer medicamento. Nesse caso, a excepcionalidade se deu em relação a um paciente cuja narrativa foi que estava em estado terminal”, citou o senador, concluindo que, portanto, “o impasse permanece e precisa ser vencido”.
“Os protocolos médicos e científicos são requisitos imprescindíveis para a liberação de qualquer medicamento. Nesse caso, a excepcionalidade se deu em relação a um paciente cuja narrativa foi que estava em estado terminal”, citou o senador, concluindo que, portanto, “o impasse permanece e precisa ser vencido”.
“Realizamos, em novembro de 2007, audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais, e pudemos testemunhar o drama daqueles pacientes e familiares que tentavam importar o Maliasin, medicamento sem similar nacional adequado. As barreiras enfrentadas para importar o medicamento eram intransponíveis”, destacou.

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