quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pesquisa avalia recuperação de área degradada em Itaocara

Foto: Paulo Filgueiras
Tecnologia poderá ser expandida, no futuro, para outras pastagens do Noroeste Fluminense

Em Itaocara, no Noroeste Fluminense, soluções tecnológicas para a recuperação de uma área degradada (RAD) vêm sendo estudadas por um grupo de pesquisadores alemães da Universidade de Leipzig com a colaboração de uma empresa alemã especializada em manejo de solos e paisagens. A unidade de pesquisa participativa (UPP) é uma das ações do Projeto Integração de Ecotecnologias e Serviços para o Desenvolvimento Rural Sustentável no Rio de Janeiro (Intecral), uma cooperação científica bilateral entre o Programa Rio Rural e o governo alemão, visando a transferência de tecnologias para o campo. 

Formada por estudantes de pós-graduação stricto sensu e professores, a equipe técnica responsável pelo experimento, instalado na microbacia Valão Santo Antônio, conta ainda com apoio do Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural, do Centro Estadual de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Pesagro-Rio, da Emater-Rio e do agricultor familiar Paulo César Alves, proprietário do sítio.

Diferentes alternativas vêm sendo testadas para garantir um uso sustentável da propriedade no futuro. A partir de uma análise por imagem de satélite, o grupo de trabalho definiu três estágios principais de degradação dos pastos: leve, médio e grave. O primeiro pode ser recuperado com uma mudança do manejo. O segundo precisaria de intervenção técnica. Já o terceiro ultrapassa a viabilidade econômica de uma intervenção e, neste caso, a recomendação seria o reflorestamento.

Com o objetivo de interromper os processos erosivos, foi escolhida uma área de estágio médio de degradação, de quase quatro hectares, para o desenvolvimento de um método de baixo custo e bem-sucedido na Europa adequado à realidade da microbacia. A contenção está sendo feita através da prática de “banquetas de mudas”, onde estão plantadas três faixas de mudas arbóreas no nível da encosta, que consolidam o terreno e favorecem a drenagem do mesmo.

Parcerias

As 4 mil mudas foram doadas pelo Projeto Replantando Vida, uma ação ambiental conjunta da Cedae e da Fundação Santa Cabrini, que utiliza mão de obra de detentos em regimes aberto e semiaberto para o cultivo de espécies florestais nativas. Além disso, em áreas com solo exposto foi semeado o capim braquiária, misturado com uma leguminosa como adubo verde para cobertura viva. “Com a intervenção técnica, queremos cessar os processos de erosão, especialmente para quebrar a força das águas superficiais e subterrâneas, e recuperar a capacidade produtiva do local com manejo sustentável. Estamos testando também o uso de cerca elétricas para interromper o movimento do gado em trilhas”, explicou o geógrafo Roman Seliger.
Foto: Paulo Filgueiras
O extensionista da Emater-Rio e técnico executor do Rio Rural, José Matias Silva Rocha, destaca que a unidade de pesquisa irá testar ainda a viabilidade do uso de pó de rochas ornamentais (resíduo da atividade de exploração) como fertilizante alternativo, com base em investigação feita pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) no município vizinho de Santo Antônio de Pádua, também no Noroeste.

A recuperação de áreas degradadas (RAD) integra um dos cinco pacotes de trabalho do Projeto Intecral e também vem sendo objeto de pesquisa do Rio Rural no estado desde 2011. As regiões Norte e Noroeste Fluminense são áreas com maior degradação de solo, devido ao histórico de pecuária extensiva, prática que vem sendo modificada em propriedades rurais com a assistência técnica da Emater-Rio e o uso de tecnologias incentivadas pelo Rio Rural, como pastoreio rotacionado, adubação verde e orgânica. A conclusão da primeira etapa da RAD está prevista para o julho de 2016.

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