Por César Maia:
Há duas escolas políticas claramente definidas em relação ao processo de chegada ao poder. Ambas têm o tempo como fator chave. Numa, nada se antecipa e o tempo deve ir mostrando o que fazer até o limite da decisão a ser tomada. Noutra, o tempo deve ser previsto, antecipando cenários e se agir já. No Brasil, a primeira é percebida como política mineira e a segunda como política de esquerda.
De certa maneira –paradoxalmente- a expressão maior da política mineira foi Getúlio Vargas e a revolução de 30 é expressão disso. Ele foi o último a entrar (Getúlio de Lira Neto). Na biografia de Napoleão, de André Maurois, ele lembra que, até a chegada ao poder, Napoleão dizia: “A chegada ao poder deve aprender a nada prever. Avançar dia por dia”.
A política de esquerda, no acesso ao poder, tem como patrono Lenin (Estado e a Revolução), que entendia o processo gradual como oportunismo. Ou como traduzido por Geraldo Vandré (Pra não dizer que não falei de flores): “Esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Trazendo para a conjuntura política pré-eleitoral brasileira, com vistas a 2014, se identificam claramente esses dois processos e um a mais, híbrido. Na comemoração dos 10 anos no poder do PT, Lula foi claro: fez a hora e antecipou cenários e o processo eleitoral. Curiosamente, FHC, com raízes na esquerda, fez o mesmo com Aécio.
Mas Aécio tem raízes na política mineira em seu avô Tancredo Neves e em Getúlio, do qual seu avô foi ministro da justiça. E é da escola que dá tempo ao tempo e que só decide quando não houver mais tempo a dar. A lógica da política mineira é como se sempre fosse possível surgir um fato novo ou na citação de Bonaparte por Mauroir: nada prever e avançar dia a dia.
Mas há um tertius –Eduardo Campos- que tenta entrar pelo meio. Faz campanha e diz que não faz. Antecipa o tempo e diz que ganha tempo até 2014. Com isso, consegue provocar a desconfiança de ambos os lados. Ou como dizem os deputados sêniores: na política não há bobos. E as políticas mineira e de esquerda passam a agir contra ele na mesma frequência, limpando o campo para que o tempo ensine ou limpando o campo o sabendo adversário.
Assim se abre a eleição de 2014. Dois vetores tradicionais e um que tenta ser a mediana.

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