Indiferentes à série de revelações que comprovam a
necessidade da CPI da Petrobras, o Palácio do Planalto e partidos aliados
apostam no improvável e em manobras para esfriar os debates sobre a
possibilidade de Mosaicoinvestigação da estatal.
Na avaliação de integrantes do governo e da base no
Congresso Nacional, a polêmica sobre Pasadena deve morrer em breve. Eles
acreditam que os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
especialmente a vasta lista de contatos do doleiro Alberto Youssef, dominarão o
noticiário.
Outra corrente de aliados da presidente Dilma Rousseff já
prepara recurso caso a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF),
manifeste-se favorável à instalação da CPI exclusiva para investigar a estatal,
como reivindicam os partidos de oposição encabeçados pelo PSDB.
Segundo matéria veiculada por “O Globo” na
terça-feira (22), a base aliada
recorreria ao plenário do STF contra o que considera uma interferência indevida
do Judiciário no Legislativo.
Para o deputado Duarte Nogueira (PSDB/SP), a artimanha dos
governistas vai contra a vontade manifestada da sociedade. “Há estarrecimento
e indignação com tudo que está acontecendo na Petrobras. Há uma operação-abafa
para não investigar”, declarou.
De acordo com o líder da Minoria, Domingos Sávio (PSDB/MG), o
governo tenta passar para a população a ideia de que a instalação da CPI é uma
“picuinha dos partidos de oposição”. “Teremos que lutar para trazer à tona
aquilo que o governo quer esconder”, disse.
Domingos criticou ainda o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), que, afirmou ele, tem agido de forma subserviente em
relação ao Palácio do Planalto. “Ele se submete à vontade do Poder Executivo e
abdicou de cumprir o que a Constituição prevê, que é instalar a CPI.”
Depoimento de Lobão – O deputado Vanderlei Macris (PSDB/SP)
apresenta na quarta-feira (23), aos integrantes da Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle (CFFC), o requerimento para chamar o ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão, a esclarecer a operação de compra da refinaria de
Pasadena (EUA).
A iniciativa é uma reação à conduta da presidente da
Petrobras, Graça Foster, que não compareceu à Câmara para dar informações sobre
o caso. Orientada pelo governo, Foster preferiu prestar esclarecimentos na semana
passada, no Senado, onde o número de aliados de Dilma Rousseff é mais
significativo.
Sobre as manobras do governo para segurar a CPI, Macris
afirmou que a oposição continuará batalhando pela instalação. “Quanto mais
tentam evitar, mais culpa no cartório eles mostram ter. Por que não investigar?
Eles não conseguem responder”, destacou. “É preciso que a sociedade tenha uma
explicação clara sobre o que aconteceu e que as pessoas sejam
responsabilizadas”, completou.
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