quinta-feira, 24 de abril de 2014

Artimanha dos governistas para segurar CPI contraria desejo da sociedade

Indiferentes à série de revelações que comprovam a necessidade da CPI da Petrobras, o Palácio do Planalto e partidos aliados apostam no improvável e em manobras para esfriar os debates sobre a possibilidade de Mosaicoinvestigação da estatal.

Na avaliação de integrantes do governo e da base no Congresso Nacional, a polêmica sobre Pasadena deve morrer em breve. Eles acreditam que os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, especialmente a vasta lista de contatos do doleiro Alberto Youssef, dominarão o noticiário.

Outra corrente de aliados da presidente Dilma Rousseff já prepara recurso caso a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), manifeste-se favorável à instalação da CPI exclusiva para investigar a estatal, como reivindicam os partidos de oposição encabeçados pelo PSDB.

Segundo matéria veiculada por “O Globo” na terça-feira  (22), a base aliada recorreria ao plenário do STF contra o que considera uma interferência indevida do Judiciário no Legislativo.

Para o deputado Duarte Nogueira (PSDB/SP), a artimanha dos governistas vai contra a vontade manifestada da sociedade. “Há estarrecimento e indignação com tudo que está acontecendo na Petrobras. Há uma operação-abafa para não investigar”, declarou.

De acordo com o líder da Minoria, Domingos Sávio (PSDB/MG), o governo tenta passar para a população a ideia de que a instalação da CPI é uma “picuinha dos partidos de oposição”. “Teremos que lutar para trazer à tona aquilo que o governo quer esconder”, disse.

Domingos criticou ainda o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que, afirmou ele, tem agido de forma subserviente em relação ao Palácio do Planalto. “Ele se submete à vontade do Poder Executivo e abdicou de cumprir o que a Constituição prevê, que é instalar a CPI.”

Depoimento de Lobão – O deputado Vanderlei Macris (PSDB/SP) apresenta na quarta-feira (23), aos integrantes da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), o requerimento para chamar o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a esclarecer a operação de compra da refinaria de Pasadena (EUA).

A iniciativa é uma reação à conduta da presidente da Petrobras, Graça Foster, que não compareceu à Câmara para dar informações sobre o caso. Orientada pelo governo, Foster preferiu prestar esclarecimentos na semana passada, no Senado, onde o número de aliados de Dilma Rousseff é mais significativo.

Sobre as manobras do governo para segurar a CPI, Macris afirmou que a oposição continuará batalhando pela instalação. “Quanto mais tentam evitar, mais culpa no cartório eles mostram ter. Por que não investigar? Eles não conseguem responder”, destacou. “É preciso que a sociedade tenha uma explicação clara sobre o que aconteceu e que as pessoas sejam responsabilizadas”, completou.

Reportagem: Luciana Bezerra

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