Foto: Paulo Filgueiras |
Um ano após sua implantação em Teresópolis, na Região
Serrana, a unidade de pesquisa participativa (UPP) sobre o biofertilizante
Agrobio apresenta resultados significativos na microbacia Rio Vieira. A
iniciativa é mais uma das ações da Rede de Pesquisa, Inovação, Tecnologia e
Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas, fórum que reúne
instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão rural, além de associações
de produtores rurais.
Preparado a partir de substâncias não prejudiciais à saúde
humana e ao meio ambiente, o Agrobio é um defensivo agrícola natural, destinado
ao controle fitossanitário. Funciona também como fonte suplementar de
micronutrientes, que influenciam de maneira favorável a resistência das plantas
ao ataque de pragas. Além disso, possui baixo custo de produção, modo de
preparo simplificado e oferece um benefício significativo para os produtores.
A unidade de pesquisa foi implantada em julho do ano passado
na propriedade de João Nilton Nogueira Gallo, que produz hortaliças em sistema
agroecológico. O experimento vem beneficiando diretamente famílias de
agricultores associados à Cooperativa Agrícola de Capacitação e Geração de
Renda da Microbacia do Rio Vieira (CoopVieira) e à Associação Agroecológica de
Teresópolis (AAT). A orientação técnica é da pesquisadora do Centro Estadual de
Pesquisa em Agricultura Orgânica da Pesagro-Rio, Maria do Carmo de Araújo
Fernandes.
Para o engenheiro agrônomo Luiz Antônio Antunes de Oliveira,
responsável pelo Núcleo de Pesquisa Participativa do Programa Rio Rural, a
participação dos agricultores na pesquisa é um exercício de cidadania e
possibilita trocas de saberes entre técnicos e produtores, facilitando a
assimilação e transferência de tecnologia. “Os resultados experimentais,
ajustados às condições locais, podem ser apropriados pelos agricultores e
alimentam o avanço do conhecimento, a capacidade de observação e a interpretação
dos problemas e resoluções para à transição agroecológica”, analisou.
Semanalmente, João Nilton Gallo pulveriza esse adubo foliar
nas mudas de sua estufa e nas lavouras de verduras, legumes e frutas. No
morangueiro, ele aplica o produto com o método da fertirrigação via
gotejamento. A experiência deu tão certo que estimulou o irmão José Carlos
Gallo, que produz hortaliças no sistema convencional. “Esse produto tem muita
qualidade. Três dias após a aplicação, já dá para notar resultados na planta,
que fica mais vistosa. E a vantagem disso tudo é que dispensa o uso de produtos
venenosos na prevenção de algumas doenças e pragas”, afirmou João Nilton.
Receita do Agrobio (Pesagro-Rio)
Ingredientes para a primeira semana
(para produzir 500 litros do Agrobio)
- 200 litros de água
- 150 litros de
esterco fresco bovino
- 30 litros de leite
de vaca
- 9 kg de melaço
Modo de preparo
Os ingredientes devem ser bem misturados e deixados em
fermentação por uma semana. Nas seis semanas seguintes, são acrescentados,
semanalmente, os seguintes produtos dissolvidos em água:
- 250 g de bórax ou ácido bórico
- 700 g de cinza de
lenha
- 1.100g de cloreto
de cálcio
- 15g de cloreto de
ferro
- 150 g de farinha de
ossos
- 200g de termofosfato
magnesiano
- 1 Kg de melaço
- 10 g de molibdato
de sódio
- 10g de sulfato de
cobalto
- 15g de sulfato de
cobre
- 30 g de sulfato de
manganês
- 50g de sulfato de
magnésio
- 20 g de sulfato de
zinco
- 450 g de torta de
mamona
- 500 ml de urina de
vaca
A calda deve ser bem misturada duas vezes ao dia. Na oitava
semana deve descansar por sete dias. Na sequência, o volume deve ser completado
para 500 litros e coado. Para produção em maior escala, deve-se utilizar os
seguintes materiais: caixa d’água de plástico com tampa e capacidade para 500
litros; bancada de concreto ou madeira; conexões de duas polegadas; pá; baldes;
tela e peneira para coagem.
Recomendações de uso
Na produção de mudas, o tratamento preventivo com agrobio é
a 3% (30 ml para um litro de água). Em folhosas, a concentração deve ser de 6%
ou ainda duas pulverizações por semana, a 3%. Já em hortaliça de fruto, tanto
no cultivo orgânico protegido, quanto no sistema convencional a campo, a
proporção é de 6%.
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