Em seu novo artigo, o advogado Marcos Espínola apresenta seu ponto de vista, como ex-PM, sobre a difícil realidade que muitos
policiais enfrentam no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro. E também, comenta sobre os dados do 8º
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados pela ONG Fórum Brasileiro
de Segurança Pública (FBSP).
Profissão suicida
Desde criança, a maioria das pessoas sonha com certas
profissões, como jogador de futebol, médico, policial etc. E assim, como
milhões de brasileiros, foi a minha trajetória. Antes de me tornar advogado fui
policial militar. No entanto, a realidade mudou. Hoje, no Brasil, sonhar em ser
policial é algo para poucos determinados, ou seja, alguém com perfil de herói
ou suicida.
Afinal, se de um lado há um sonho ou uma vocação a ser respeitada,
por outro a realidade é cruel. Com todos os desafios que enfrenta, o policial
não tem o merecido reconhecimento da sociedade. Sobretudo no Rio, onde fica na
linha de frente, enfrentando membros de facções da mais alta periculosidade.
Não é por acaso que vários especialistas em segurança
reconhecem que a polícia do Rio é uma das que mais mata e morre. Aliás,
recentemente muitos policiais têm sido alvo dos bandidos, sendo assassinados
violentamente. Segundo dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
divulgados pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Estado do
Rio é o primeiro em mortes em confronto com policiais e em mortes de agentes de
segurança.
O mesmo estudo demonstra que, em 2013, foram cerca de 500
policiais mortos, o que significa aumento em torno de 10% em relação ao ano
anterior. Nesse contexto, o Rio lidera, com mais de 100 policiais assassinados,
contra 90 de São Paulo (que não fica muito atrás, embora seja muito maior
geograficamente) e o Pará, com 51. A média no país é de 1,34 policial morto por
dia e nos últimos cinco anos foram 1.170 policiais. Outro fato relevante é que
75,3% dos assassinatos de policiais aconteceram quando eles estavam de folga.
Enfim, fala-se muito da violência da polícia, alegando
despreparo. As entidades de direitos humanos vivem a postos para denunciar e
flagrar qualquer irregularidade dos agentes. No entanto nada fazem com esses
números absurdos, esquecendo-se de que por trás da farda há um chefe de
família, um ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário