Em seu novo artigo, o advogado criminalista Marcos Espínola aborda
essa recente onda de assassinatos a policiais do Rio de Janeiro. E trata também do alto índice de mortes cometidas por policiais, e até que ponto eles
não precisam "Matar para não morrer"
Os recentes assassinatos de policiais no Rio de Janeiro
trazem de volta a discussão sobre a violência e a segurança pública. De um
lado, as vozes que insistem em dizer que a polícia daqui é a que mais mata, e
de outro, aqueles que sabem que nossos policiais também são os que mais morrem.
Enfim, ambos os lados têm razão, pois estamos falando de causa e efeito. Eles
matam sim, mas para não morrer.
Vivemos em estado de guerra. Vale lembrar o Estudo Global
sobre Homicídio 2013, divulgado pelo Escritório sobre Drogas e Crime das Nações
Unidas, no qual revelou que duas em cada três pessoas mortas nos países das
Américas são assassinadas com armas de fogo. No Brasil, o índice é ainda maior,
com 70% das mortes.
Segundo o estudo, as armas de fogo foram utilizadas em 41%
dos 437 mil homicídios no mundo em 2012. A facilidade de acesso e a grande
circulação de armas de fogo no país destacam o Brasil nessa tendência que se
tornou marca da violência homicida. Somente em 2013 foram 50 mil pessoas mortas
no país, sendo 35 mil por arma de fogo.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Publica, países
como a Colômbia, o México, a África do Sul e o Brasil apresentam números de
violência interna muitas vezes superiores a conflitos armados. Se comparados às
mortes no confronto como de Israel com a Palestina são menores. Mas, em guerras
como a do Vietnã, que durou cerca de duas décadas, o número de mortes foi 25%
inferior ao de um milhão de vítimas apresentadas no Brasil ao longo dos últimos
20 anos.
Portanto, fica notório o fato dos agentes de segurança
estarem expostos, protagonizando essas estatísticas tanto de um lado quanto de
outro. Na linha de frente do combate às facções cada vez mais organizadas e
violentas, a estratégia de defesa muitas vezes está num instante que pode valer
a própria vida. Alvejados por bandidos destemidos, o que resta é o revide. Uma
decisão em fração de segundos na qual significa matar ou morrer.
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