Um ano após a sanção do Plano
Nacional de Educação (PNE), nenhuma das metas foi cumprida, o que causa
preocupação em quem lutou pela aprovação. O deputado Izalci
(PSDB/DF) acredita
que, no atual ritmo, o governo não conseguirá implementar o plano em sua
totalidade e alcançar as metas
estabelecidas. Na verdade, os brasileiros da “pátria educadora” não têm nada o
que comemorar, pois o setor tem sido um dos mais maltratados pelo governo da
presidente Dilma e uma das vítimas preferenciais do arrocho recessivo em
marcha.
“Nossa
preocupação é que esse plano, na prática, não seja transformado apenas num
plano de intenção. Precisamos acompanhar para que seja executado. Mas o que nos
deixa apreensivos é em função dos cortes no orçamento e da não priorização”,
alerta Izalci.
As primeiras exigências da lei, que deveriam ser cumpridas nesse
primeiro ano de vigência, não foram executadas de forma satisfatória, na visão
da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que lançou esta semana um
manifesto em que define a situação do plano como “inquietante”.
“Lamentavelmente, a qualidade de implementação do PNE é muito baixa”, diz o
documento, que agrega a opinião de inúmeras entidades.
Em audiência na Câmara, o ministro da Educação, Renato Janine
Ribeiro, afirmou na última quinta-feira (25) que 90% dos estados e municípios
cumpriram a meta estabelecida de elaborar planos locais de educação, de acordo
com os objetivos contidos na lei federal. Ribeiro garantiu que o ajuste fiscal
não afetará a área.
Mas os números mostram que a educação não é prioridade. Izalci
afirma que, se não aumentarem os recursos, as dificuldades para tirar o plano
do papel serão cada vez maiores. Na contramão do que declarou o ministro, a
educação foi uma das mais afetadas com o arrocho fiscal promovido pelo governo
do PT: perdeu R$ 9 bilhões da receita prevista para este ano (cerca de 13% do
total).
Com menos recursos e com a derrocada de programas já
implementados, Izalci afirma que a tendência é governo não conseguir
concretizar as metas do plano em tempo hábil. Como afirma o Instituto Teotônio
Vilela, órgão de estudos do PSDB, a dificuldade no caminhar lança sombras sobre
os objetivos mais ambiciosos que estão pela frente, como, por exemplo, colocar
pelo menos metade das crianças de até três anos em creches até 2016 – um déficit
hoje de pelo menos 2,5 milhões de vagas. Idem em relação à meta de levar 1,6
milhão de jovens de 14 a 17 anos que estão fora da escola para as salas de aula
até o ano que vem.
“Para atingir as metas, se não houver crescimento do recurso vai
dificultar a execução do plano. Algumas metas podem ficar comprometidas se não
derem uma atenção especial ao plano. Por enquanto só tem o slogan. Precisa
transformar esse plano em realidade”, alerta o tucano.
Izalci lembra que até mesmo o que já foi vitrine do governo
desmoronou. No Fies, os estudantes foram submetidos a regras restritivas de
acesso por determinação de Dilma. Oficialmente, quase 180 mil alunos deixaram
de ser atendidos, mas a projeção é de que o número chegue a meio milhão até o
fim do ano. O Pronatec sequer foi oferecido neste ano. As primeiras turmas só
devem ser abertas em julho, já sob o peso da decisão do governo de cortar as
vagas disponíveis a um terço do que foi ofertado em 2014, no menor patamar
desde o lançamento do programa, em 2011.
“Para atingir as metas
estabelecidas no crescimento dos alunos no ensino superior sem utilizar e
incrementar o Fies será muito difícil, assim como se não houver incremento na
educação à distância. Além das dificuldades em relação aos royalties, pois a Petrobras
está sem capacidade de investimento e, consequentemente, vai reduzir a questão
dos royalties, que era a esperança de recuperar esse déficit da educação e
executar o plano. Há uma apreensão nesse sentido”, diz o deputado.
Matéria disponível em áudio: Clique aqui
Matéria disponível em áudio: Clique aqui
Reportagem:
Djan Moreno
Nenhum comentário:
Postar um comentário