PF chegando à casa de Eike Batista |
Operação Eficiência apura ocultação de mais de US$ 100
milhões de Cabral no exterior, e já repatriou cerca de R$ 270 milhões que estão
à disposição da Justiça. Também foi decretada a prisão de Eike Batista
Em nova fase das investigações sobre a organização criminosa
liderada pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o Ministério
Público Federal, no Rio de Janeiro, pediu à Justiça a decretação de nove
prisões preventivas (por tempo indeterminado), quatro conduções coercitivas e o
cumprimento de buscas e apreensões em 27 endereços no Rio de Janeiro, Niterói,
Miguel Pereira e Rio Bonito. Os mandados, expedidos pela 7ª Vara Federal
Criminal/RJ, estão sendo cumpridos pela Polícia Federal nesta quinta-feira
(26/1) na Operação Eficiência. Cabral e outros dois réus já presos pela
Operação Calicute – seus ex-assessores Carlos Miranda e o ex-secretário de
governo Wilson Carlos – tiveram novas prisões decretadas (nº
0510282-12.2016.4.02.5101).
A
pedido do MPF, também foram ordenadas as prisões do empresário Eike Batista e
do advogado Flávio Godinho, investigados por corrupção ativa com o uso de
contrato fictício, e quatro membros da organização: Álvaro Novis, Sérgio de
Castro Oliveira, Thiago Aragão (Ancelmo Advogados) e Francisco Assis Neto.
As conduções coercitivas se destinam à tomada dos
depoimentos de Susana Neves e Maurício Cabral – ex-mulher e irmão de Cabral –,
de Eduardo Plass (TAG Bank e gestora de recursos Opus) e de Luiz Arthur Andrade
Correia, preso na 34ª fase da Op. Lava Jato, em setembro. As apreensões ocorrem
em endereços residenciais ou comerciais de Susana Neves, Maurício Cabral e dos
seis presos sem mandado anterior.
Com a Operação Eficiência, a força-tarefa Lava Jato no Rio
de Janeiro aprofunda a apuração de um esquema usado por Cabral e pelos demais
investigados para ocultar mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 340 milhões)
remetidos ao exterior. A investigação, concentrada nos crimes de corrupção
(ativa e passiva), lavagem e evasão dos recursos, tem avançado com base em
quebras de sigilo (bancário, fiscal, telefônico e telemático) e em acordos de
colaboração premiada. Segundo os procuradores, a organização criminosa liderada
por Cabral movimentou, em dez meses (agosto de 2014 a junho de 2015), R$ 39,7
milhões – cerca de R$ 4 milhões por mês.
Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar
cerca de R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal em conta
aberta na Caixa. A Força-Tarefa está solicitando cooperação internacional para
o bloqueio e posterior repatriação dos valores ainda ocultos em outros países.
Eike Batista – Um objeto das investigações é o pagamento de
uma propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador por Eike Batista e Flávio
Godinho, do grupo EBX, usando a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá. Esse
valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista no ano de 2010. E para
dar aparência de legalidade à operação foi realizado em 2011 um contrato de
fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista,
e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda
de uma mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no
Uruguai, em nome de terceiros mas à disposição de Sérgio Cabral.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem
cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e apreensão em
endereço vinculado a Batista em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam
a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa
Arcádia. Na oportunidade, os três investigados orientaram os donos da Arcadia a
manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação
seria verdadeiro.
Família Cabral – A ex-mulher e o irmão do ex-governador são
alvos das investigações na condição de beneficiários dos recursos ilícitos.
Suas contas e de suas empresas receberam altas quantias ocultadas pela
organização. Para o MPF, há elementos suficientes para pedir as prisões
temporárias (por cinco dias) de Susana Neves Cabral e Maurício Cabral, mas foi
pedida uma medida menos gravosa –as conduções coercitivas – para que deponham
conforme for ordenado pela Justiça.
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