Produtores agrícolas de Nova Friburgo estão se mobilizando
para obterem a certificação orgânica por meio da Associação de Agricultores
Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (Abio). Ao todo, 12 agricultores de
Amparo, Alto Schuenk, Macaé de Cima, Conselheiro Paulino, Jardim Ouro Preto,
Mury, Campo do Coelho e São Lourenço formaram o grupo chamado “Biodiversos Orgânicos
de Nova Friburgo”, cumprindo uma das exigências da certificadora que,
juntamente com os próprios agricultores, fará as visitas de inspeção nas
propriedades nos próximos meses. Entre os produtos que devem obter a
certificação, até o final deste ano, estão: temperos, hortaliças, cogumelo
shiitake, cenoura, caqui, laranja, tangerina, figo, limão, banana, pera, milho,
batata, entre outros.
A iniciativa faz parte do programa “Sebrae Orgânico”, que
tem como diretriz promover o fortalecimento da cadeia produtiva de orgânicos e
ao mesmo tempo colaborar na preservação da saúde do produtor, do consumidor e
do meio ambiente.
Para oferecer o devido apoio ao setor agrícola de orgânicos,
o programa tem como base oito pilares que incluem:
- Mapeamento e identificação de produtos e produtores;
- Articulação do setor;
- Profissionalização da gestão dos negócios;
- Desenvolvimento tecnológico;
- Apoio à legalização;
- Apoio à certificação;
- Promoção do Associativismo e;
- Apoio à comercialização – promoção de acesso a mercados.
De acordo com Márcia Moreira, analista do Sebrae/RJ, as
iniciativas previstas no “Sebrae Orgânico” abre novos horizontes para os
agricultores da região. “Os produtores que já desenvolvem culturas orgânicas,
ou aqueles que pretendem modificar seus métodos produtivos podem aderir ao
programa a qualquer instante. Eles receberão do Sebrae/RJ todas as orientações
e suporte necessários para alcançarem seus objetivos. É notório o crescimento
do interesse por esse tipo de cultivo no país, fazendo surgir um nicho de
mercado interessante e promissor. Além disso, retrata o surgimento de uma nova
cultura consumidora, que prima pela manutenção da saúde e preservação do meio
ambiente”, ressalta.
Para os interessados em obter mais informações, ou
participar do programa “Sebrae Orgânico”, basta ligar para a Central de
Atendimento do Sebrae em: 0800-570-0800, ou diretamente para o Escritório
Regional Serrana I do Sebrae/RJ em (22) 2523-6908.
A importância da certificação
Para Flávio Stern, adepto da produção orgânica há oito anos
e proprietário do restaurante vegetariano “Trilhas do Araçari”, que fica em
Mury, a certificação é uma maneira de agregar valor e validar oficialmente a
procedência dos seus produtos para os clientes. “Através da certificação, o
consumidor tem como saber a procedência e real forma de cultivo daquilo que ele
está consumindo ou adquirindo. Para mim, todos os produtos só poderiam ser
considerados de procedência orgânica com o certificado, pois isso estimularia
ainda mais essa prática de consumo, promovendo a disseminação de produtos mais
saudáveis e cujo cultivo não agride a natureza”, destacou Stern, que mantém uma
horta de onde colhe todos os produtos que são servidos em seu restaurante. Entre
eles estão alface (quatro tipos), salsinha, cebolinha, repolho, jiló, taioba,
entre outros.
Já para a ex-servidora pública, Renata Boy Mascouto, a
certificação orgânica é uma ferramenta muito importante que será utilizada para
viabilizar vários de seus projetos pessoais. Segundo ela, que há um ano
transformou sua propriedade, que fica em Campo do Coelho, no 3º Distrito de
Nova Friburgo, em um verdadeiro pomar orgânico, essa forma de cultivo e sua
certificação vai além dos objetivos financeiros.
Para ela, seus produtos podem se tornar veículos de
informação nutricionais e de conscientização sobre a importância de iniciativas
sustentáveis por meio de suas embalagens. “É uma das formas que eu enxergo
tornar possível aproximar as pessoas de questões de caráter alimentar, social e
ambiental por meio de informações. Acredito que com medidas simples possamos
contribuir para tornar produtos de boa procedência e qualidade acessíveis para
todos”, afirma a produtora que cultiva banana, figo, limão, tangerina, além de alface
e outras hortaliças em sua propriedade.
Metodologia escolhida
A regularização da produção orgânica pode ser feita através
de três processos, entre os quais: Certificação por Auditoria, Controle Social
na Venda Direta ou Sistemas Participativos de Garantia.
No caso dos produtores agrícolas de Nova Friburgo, o
processo selecionado por eles foi o Sistema Participativo de Garantia (SPG)
cuja certificação pode ser obtida por meio de um Organismo Participativo de
Avaliação da Qualidade Orgânica (OPAC).
Neste caso, os produtores devem participar ativamente do
grupo, ou núcleo a que estiverem ligados, comparecendo em reuniões periódicas.
O próprio grupo garante a qualidade orgânica de seus produtos, sendo que todos
tomam conta de todos e respondem juntos se houver fraude, ou qualquer
irregularidade que não apontarem e/ou corrigirem. Se o produtor não-conforme
não corrigir a irregularidade, o grupo deve excluí-lo, cancelar o certificado
dele e informar ao Ministério da Agricultura.
O grupo “Biodiversos Orgânicos de Nova Friburgo” já realizou
três reuniões, restando apenas nove (09) para obtenção da certificação. Vale
ressaltar que a exigência para obtenção da certificação, entre outras coisas, é
que o número de reuniões e inspeções deve corresponder ao número de
integrantes.
A próxima reunião do grupo de produtores orgânicos de Nova
Friburgo está prevista para acontecer no dia 12 de abril (quarta-feira), das
16h às 19h, na sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova
Friburgo (Acianf), que fica na Avenida Alberto Braune, nº 111 – Centro.
Dados
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), em 2016 a área total de produção orgânica no Brasil já
chega a quase 750 mil hectares, sendo o Sudeste a região do país com maior área
produtiva, com 333 mil hectares e cerca de 3 mil produtores de orgânicos
registrados na Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO).
O Sul do país é a região com o maior número de produtores (5
mil), ultrapassando a Região Nordeste, com 4,5 mil produtores orgânicos.
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