O fornecimento de energia elétrica no estado do Rio piorou
nos últimos cinco anos. De acordo com o estudo “Retrato da Qualidade da Energia
no Estado do Rio de Janeiro”, divulgado pelo Sistema FIRJAN, em média, os
municípios fluminenses ficaram 25 horas sem energia em 2016. Na comparação com
2011, o tempo de interrupção aumentou 10,2%. A média nacional é de 16 horas sem
fornecimento. “Um cenário assim afasta novos investidores e inibe qualquer
iniciativa de expansão”, disse o vice-presidente do Sistema FIRJAN, Carlos
Mariani Bittencourt, o evento de lançamento esta semana.
No Centro-Norte, os casos mais preocupantes são os dos
municípios de Sumidouro e Trajano de Moraes. Sumidouro, que registra a mais
baixa qualidade da energia na região, com 18,30 ocorrências e 43,81 horas de
interrupções em 2016, tem na falta de energia um grande gargalo ao
desenvolvimento industrial. A indústria local é concentrada no setor de
confecções e na fabricação de brocas e peças de mineração e de transformadores
elétricos. Setores altamente demandantes de energia, em quantidade e qualidade.
Trajano de Moraes tem como forte, o ramo agropecuário, mas possui grande
potencial turístico, com destaque para o turismo ecológico e de aventura, mas a
baixa qualidade da energia é um dos problemas para o desenvolvimento do setor,
tendo registrado 11,90 interrupções de energia em 2016, com 30,45 horas de
duração.
Nova Friburgo, principal economia da região e município com
maior peso industrial, registrou 10,74 horas e 7,75 ocorrências de interrupções
de energia em 2016. Apesar de estar abaixo da média nacional, esse fator ainda
pode gerar prejuízos ao município, considerado a capital da moda íntima do
estado devido ao grande número de confecções, além de contar com muitos
estabelecimentos metalmecânicos e gráficos, todos altamente demandantes de
energia.
Cantagalo, maior polo cimenteiro do estado, registrou a menor frequência
de interrupções na região, com 9,06 ocorrências e 14,85 horas no ano passado.
Mesmo sendo os municípios com menores índices na região, a qualidade da energia
é um entrave na atração de novos investimentos.
O presidente da Representação Regional FIRJAN/CIRJ no Centro
Norte Fluminense, Carlos Eduardo de Lima, lembra que o assunto foi discutido no
Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e que melhorar a qualidade
da energia está entre as ações prioritárias para os empresários da região:
“Estamos buscando cada vez mais nos aproximar das concessionárias da região
para dialogar e cobrar medidas que possam garantir o fornecimento adequado”.
De acordo com o Sistema FIRJAN, o acesso à energia elétrica
com qualidade, segurança e a preços baixos é fundamental para o desenvolvimento
socioeconômico e industrial. Para melhorar o serviço oferecido no estado, a
Federação das Indústrias defende investimentos por parte das distribuidoras,
além de uma modernização da regulação a partir de uma visão integrada de todo o
setor.
As propostas apresentadas pelo Sistema FIRJAN para a melhoria do
ambiente regulatório são a criação de indicadores que mensurem as interrupções
abaixo de três minutos, a identificação das classes de consumo nos conjuntos
elétricos, o desenvolvimento de pacotes de fornecimento de energia elétrica com
qualidade e preço diferenciado para a indústria e o estímulo à expansão das
redes inteligentes de energia, as chamadas smart grids.
Segundo o superintendente de Concessões, Permissões e
Autorizações de Transmissão e Distribuição da Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), Ivo Sechi Nazareno, a agência tem trabalhado para encontrar,
cada vez mais, a relação de equilíbrio entre qualidade, investimento e tarifa.
O presidente da Enel Distribuição Rio, Ramon Castañeda, citou algumas das
medidas que a empresa vem adotando para melhorar a qualidade do fornecimento de
energia. “Temos um plano de manutenção e identificação de defeitos na rede,
assim como investimentos para a melhoria da rede e a adoção de novas
tecnologias”, comentou Castañeda.
Também participaram do seminário: o presidente da Abradee
(Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, e
o presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica do Sistema FIRJAN,
Sergio Malta. Representando os consumidores industriais, também estavam o
presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais
de Energia e de Consumidores Livres), Edvaldo Santana, e o presidente do
Sindisal (Sindicato da Indústria de Refinação e Moagem de Sal do Estado do Rio
de Janeiro), Luis Césio Caetano.
No encontro, o Sistema FIRJAN lançou seu novo
site de energia elétrica (www.firjan.com.br/energiaeletrica).
Nenhum comentário:
Postar um comentário