Nova Friburgo é um entre 27 municípios do estado do Rio de
Janeiro com mais de 100 mil habitantes aptos a obter o certificado de
eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus HIV. A cidade
faz parte de uma lista de 82 municípios brasileiros que alcançaram a meta da
Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a quase zero o total de bebês
soropositivos.
A OMS considera que um país eliminou a transmissão vertical
do vírus quando registra menos de dois bebês infectados para cada 100 nascidos
de gestantes portadoras do HIV. O programa DST-Aids da Secretaria Municipal de
Saúde atende cerca de 700 pessoas portadoras do vírus em Nova Friburgo e na
região, já que o município recebe também pacientes de outras cidades, como Bom
Jardim, Trajano de Moraes, Duas Barras, entre outros. Desse total, cerca de 60%
são homens e 40% mulheres.
De acordo com Tereza Polo, coordenadora do programa DST-Aids
e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde, desde 2005 nasceram 130
bebês de mães com HIV em Nova Friburgo e nenhum deles se infectou com o vírus.
A atuação de Nova Friburgo se destaca no cenário ruim do Rio
de Janeiro. Em 2015, o estado registrou cinco casos de infecção por HIV, por
100 mil habitantes, em crianças de até 5 anos de idade - o dobro da média
brasileira, de 2,5 registros por 100 mil habitantes. A capital está entre as
cinco cidades do país com piores índices, com uma taxa de detecção 6,2. As
maiores taxas do Brasil estão em Roraima (8,1) e Rio Grande do Sul (5,4). Para
se ter uma ideia, São Paulo registra apenas 1,3 casos por 100 mil habitantes no
estado e 1,5 na capital.
A redução da transmissão vertical só é possível com
profilaxia (medidas preventivas). Primeiro, é preciso detectar rapidamente se
uma gestante está ou não infectada pelo HIV. Caso o resultado seja positivo,
ela começa a ser medicada e, com os modernos medicamentos distribuídos
gratuitamente pelo SUS, é possível tornar a carga de vírus indetectável.
Segundo informações da Organização Panamericana de Saúde, o
escritório regional da OMS, a passagem do vírus ocorre durante a gestação (35%)
e no período do periparto - entre o último mês da gravidez e cinco meses após o
parto (65%). Na amamentação, o risco aumenta entre 7% e 22% a cada mamada. Sem
tratamento, a transmissão vertical ocorre em cerca de 25% das gestações de
mulheres portadoras do HIV.
Para obter a certificação, Nova Friburgo teve que seguir
parâmetros da OMS e outros definidos pelo Ministério da Saúde, como garantir
que no mínimo 95% das gestantes tenham feito quatro consultas no pré-natal, por
exemplo, além do teste para HIV. A meta do Brasil é alcançar 90% do patamar
estabelecido pela OMS até 2020 e chegar a 2030 tendo eliminado a transmissão
vertical do HIV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário