Audiência comprova: Entidade é dependente da Administração
Municipal
Mais que um encontro para a exposição dos pormenores do
Plano Municipal de Saúde para o Quadriênio 2018/2021, a Audiência Pública
convocada pela Secretaria de Saúde de Cordeiro, realizada na Câmara de
Vereadores, no último dia 1º, também serviu para ‘ligar o sinal de alerta’ e
fazer os cordeirenses compreenderem a dura realidade vivida pela entidade
filantrópica, que é considerada a porta de entrada dos atendimentos de saúde no
município: o Hospital Antônio Castro.
Mensalmente, por Contrato de Prestação de Serviços de
Urgência e Emergência, a Prefeitura de Cordeiro, através da Secretaria de
Saúde, repassa R$ 496 mil à instituição. Segundo estudos técnicos financeiros,
hoje o hospital tem aproximadamente 96% de dependência da Administração
Municipal, algo preocupante. Contudo, para que haja a manutenção dessa
contratualização com o município, é necessário que a entidade hospitalar tenha
todas as suas certidões devidamente regularizadas.
Na Audiência Pública, a secretária de Saúde, Vânia Huguenin,
esclareceu que há um prazo legal para essa regularização, que finda em 30 de
agosto. Embora a diretoria da entidade – comandada pelo presidente Administrativo,
Anísio Costa, com apoio irrestrito dos servidores – venha cumprindo
gradativamente as metas, há realmente o temor de que o prazo não seja
suficiente. “Caso não haja a resolução dessas pendências, o município ficaria
impossibilitado de fazer qualquer tipo de repasse de verbas públicas. Assim,
teríamos de buscar convênio com outro município para não haver nenhum prejuízo
no atendimento à população”, disse Vânia preocupada com o caso.
Após assumir em janeiro desse ano a direção da entidade de
saúde, Anísio Costa relatou que vem ‘matando um leão’ por dia para manter as
portas do Antônio Castro abertas. Com um trabalho de parceria com os
funcionários, reconhecido pela comunidade e autoridades locais pelo esforço
contínuo, ele também teme pelo futuro. “Nos deparamos com dívidas que parecem
não ter fim. A solução seria instalarmos uma auditoria, mas para isso teríamos
de dispor de algo em torno de R$ 30 mil para contratar uma empresa capacitada a
esse serviço”, declarou Anísio em tom de resignação.
Vale lembrar que o Hospital Antônio Castro sofreu uma
intervenção na Administração Municipal passada durante dois anos. As coisas
pioraram e as dívidas praticamente triplicaram. Atualmente, a estimativa é de
que a instituição possua dividas próximas aos R$ 12 milhões.
Apesar da
divulgação maciça na rádio local, redes sociais e propaganda volante, a
participação popular no encontro não atingiu o esperado, algo que gerou
críticas e também a ideia de uma audiência em praça pública para atrair os
moradores. “Não podemos acreditar que a situação do hospital se resolva num
passe de mágica. É preciso que a sociedade se conscientize que o problema é
grave e se mobilize”, colocou a secretária de Saúde.
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