Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra
que, em todo o planeta, 20% das crianças e dos adolescentes apresentam sintomas
de depressão, como irritabilidade ou apatia e desânimo. Os dados referentes ao
Brasil sugerem que esse tipo de distúrbio se faz presente entre 8% e 12% da
população infantojuvenil.
É um número preocupante. Saber lidar com essa problemática,
que jamais esteve restrita a adultos e idosos, é providência urgente para pais
e educadores.
O programa Educação em Debate, da Boa Vontade TV, que discute os principais
assuntos da educação pela ótica da Espiritualidade Ecumênica, entrevistou o dr.
Gustavo Lima, psiquiatra da Infância e da Adolescência, que nos aponta algumas
causas da depressão nas fases iniciais da vida e como notá-las: “Primeira coisa
— uma investigação clínica pormenorizada. Segunda coisa — é muito importante
lembrar que os transtornos afetivos na infância e na adolescência são de causa
multifatorial, ou seja, diversos fatores podem causar a depressão: genéticos,
ambientais, entre outros. Entretanto, na nossa prática clínica, o que aumenta
muito a chance de uma criança ficar deprimida são os ambientes familiar e
escolar desfavoráveis”.
Diferença comportamental
O que dificulta, de certa maneira, pais e educadores
perceberem que o filho ou o educando está deprimido é o comportamento dessa
patologia entre as faixas etárias: “Diferentemente dos adultos, as crianças não
ficam deprimidas o tempo inteiro. Às vezes, os pais deixam de levar o filho
para uma avaliação, porque em algum momento do dia ele se divertiu. E isso não
significa que não esteja deprimido”, esclareceu o especialista.
E alertou ainda: “É preciso, também, muito cuidado com os
sintomas de ideação de morte, quando vem à mente ideias suicidas. Quando você
está diante de uma criança deprimida com esses sintomas, é muito importante uma
avaliação médica e um tratamento com psicólogo. Em alguns casos, dependendo da
gravidade, recorrer a tratamento farmacológico”.
Prevenção
Para o dr. Gustavo Lima — que é membro do Programa de
Atendimento a Transtornos Afetivos do Serviço de Psiquiatria da Infância e
Adolescência, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da USP —, existem algumas atitudes que podem ajudar a prevenir a
depressão nas crianças: “Além de um acompanhamento pediátrico, cuidar das horas
de sono e da alimentação, um ambiente familiar estruturado é fundamental. Outra
coisa importante é uma escola que favoreça o desenvolvimento da criança, que
consiga identificar as reais potencialidades dela. Então, saúde, bem-estar,
ambientes familiar e escolar favoráveis, prestar atenção também em questões
genéticas contribuem, e muito, para se prevenir a depressão infantil”.
Atentemos, pois, às elucidativas recomendações do dr.
Gustavo Lima. E não descuidemos de proporcionar aos pequenos e aos jovens um
espaço sadio, enriquecido por uma Espiritualidade Ecumênica orientada pelos
melhores princípios éticos. Desde cedo, devemos ter consciência de que a prece,
a meditação, a confiança em Deus ou nas forças da Natureza são eficientes
recursos ao equilíbrio bio-psíquico-espiritual.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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