terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Com apoio da campanha ' Água Limpa para o Rio Olímpico' Santa Maria Madalena já protegeu quase 100 nascentes

A campanha Água Limpa para o Rio Olímpico do Programa Rio Rural vem mobilizando agricultores em microbacias hidrográficas de todo o estado para a proteção de nascentes em suas propriedades. Santa Maria Madalena, na Região Serrana do Rio, é um bom exemplo do engajamento e conscientização ambiental dos produtores rurais.

Em todas as microbacias do município já foram protegidas 96 nascentes de rios, sendo 39 em Manoel de Moraes; 22 no Alto Imbé; 17 na Sede/Terras Frias; 12 no Médio Imbé e 6 em Triunfo –em um investimento do Rio Rural de pouco mais de R$ 190 mil. Também foram realizados 31 isolamentos (proteção de área de recarga hídrica), totalizando 127 subprojetos ambientais no município.

De acordo com Danilo Santarém Botelho, técnico executor do Rio Rural e extensionista da Emater-Rio, o engajamento dos produtores foi fundamental para o expressivo número de nascentes protegidas em Santa Maria Madalena. “Eles viram a necessidade de proteger suas nascentes e apostaram neste trabalho da campanha. Os resultados são altamente positivos”, explica Botelho.

Luciano Marinho Correa, que tem uma agroindústria de doces em compotas em sua propriedade, na microbacia de Terras Frias, lembra que o inverno de 2015 (período de estiagem) foi extremamente rigoroso e que somente os produtores que fizeram a proteção de nascentes não sofreram as consequências da falta d’água.

Sofremos uma grande seca entre 2014 e 2015. Muita gente ficou sem água por aqui. Apenas os produtores que protegeram suas nascentes puderam ficar mais aliviados, como no nosso caso. Sempre tivemos a preocupação de proteger as nascentes, deixando a mata no entorno se recompor naturalmente, mas o trabalho incentivado pelo Rio Rural nos ajudou a cercar nossa principal nascente. Sentimos de imediato uma melhora na quantidade de água que abastece nossa propriedade”, comenta, ressaltando que os produtores precisam dar continuidade ao trabalho de preservação. “Madalena foi grande produtora de café, passou para a pecuária e agora investe no turismo. Essas terras foram muito degradadas e continuam sofrendo com queimadas e desmatamentos. O trabalho de recomposição ambiental é importantíssimo aqui e o apoio técnico do Rio Rural têm sido fundamental nesse processo”, completou.

O produtor Roberto Veiga Feijó, proprietário do Sítio do Rosário e da Fazenda São Pedro, também elogiou o trabalho de proteção de nascentes realizado pelos técnicos da Emater-Rio no município.


Sempre tive a preocupação de proteger o meio ambiente em minhas propriedades. Plantei muitas mudas de árvores, pensando nessa questão da água, que é muito séria. Essas terras vêm desde o tempo do meu avô e nós sentimos a diminuição da água a cada ano. Com o trabalho técnico e bem orientado de preservação das nascentes observamos logo uma melhora. A estiagem no ano passado foi rigorosa, mas conseguimos amenizar o problema. Agora, com o período das chuvas, percebemos que a quantidade de água aumentou consideravelmente em relação aos anos anteriores. O Danilo, técnico da Emater, fez um ótimo trabalho aqui. Fez todo o monitoramento, antes e depois do cercamento das nascentes, e continua nos orientando. Este trabalho deve ser elogiado”, declarou o produtor.

O produtor Giovani Faria Buzzi, proprietário da Fazenda Minas Gerais, é outro que se orgulha do trabalho de preservação de nascentes realizado em suas terras, também reconhecidas como“Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)” da Mata Atlântica no estado.

Sabemos que produção rural não existe sem água. Aqui plantamos eucaliptos, flores e temos produção artesanal de cerveja e cachaça. Não sobreviveríamos sem água. Nossas áreas de nascentes já eram informalmente protegidas, mas com o cercamento e orientação técnica, esse trabalho ficou melhor. Os resultados de proteção de nascentes são de longo prazo, mas já observamos melhoras na quantidade de água aqui. Se não tivermos essa conscientização ambiental, todo o planeta vai morrer”, ressaltou.

A campanha

Lançada em 2010 com a meta de proteger 2.016 nascentes até os Jogos Olímpicos do Rio, a campanha Água Limpa para o Rio Olímpico conseguiu o resultado expressivo de 3.120 nascentes protegidas em todo o estado até o final de 2015 e continua a pleno vapor.

Envolvendo agricultores, técnicos da Emater-Rio, educadores, estudantes e instituições parceiras, por meio de atividades de conscientização e troca de experiências, a campanha recebe incentivos financeiros diretos, não reembolsáveis, do Rio Rural e ainda complementa outros projetos de conservação ambiental, como a preservação de áreas de recarga hídrica, que permitem a infiltração e retenção da água por mais tempo no solo; e a recuperação de matas ciliares (à beira dos rios).

Além da continuidade dos incentivos a projetos de conservação dos recursos hídricos, o Programa Rio Rural busca novos parceiros para ampliar as ações da campanha. “A sustentabilidade desse trabalho passa pela conscientização das comunidades rurais de que proteger o ambiente é bom para sua unidade de produção e para a qualidade de vida de sua família. Além disso, buscamos integrar recursos para manter e ampliar esses projetos”, concluiu Nelson Teixeira, secretário executivo do Rio Rural.

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