segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Uso de caldas orgânicas é tema de Dia de Campo em Cachoeiras de Macacu

O uso de herbicidas e agrotóxicos foi identificado por pesquisadores da Embrapa como um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores de Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro. Os produtores reconhecem que utilizar esses agroquímicos pode ser danoso tanto para o homem como para o meio ambiente. Uma das alternativas utilizadas para substituir esses produtos no combate às pragas e doenças pode ser o uso de caldas naturais. Pesando nisso, a Embrapa, a Pesagro-Rio e a UFRJ realizam nesta terça, dia 27 de agosto, terça-feira, o Dia de Campo “Controle de pragas e doenças: caldas orgânicas e o manejo do cultivo”, na localidade de São José da Boa Morte, em Cachoeiras de Macacu.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Mariella Uzeda, este dia de campo tem a intenção de atender as demandas do produtor de "desejos de mudanças". A pesquisadora lidera um projeto que há cinco anos tenta transformar a realidade local, encontrando maneiras de utilizar a terra de maneira que esses recursos estejam garantidos para o futuro. O projeto tem como base o uso de práticas agroecológicas de cultivo como forma de permitir a continuidade de fluxos e ciclos ecológicos e de assegurar a sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida.

Numa primeira etapa, os agricultores apontaram os problemas e agora os pesquisadores estão adaptando e apresentado-os algumas técnicas que minimizem essas adversidades. A redução do uso de herbicidas, a obtenção de insumos orgânicos sem dependência externa e a inserção de árvores (sistemas agroflorestais) nas propriedades sem que isso implique em redução da área de plantio são alguns pontos que estão sendo tratados. “Nesta segunda etapa do projeto, junto com os agricultores, estamos testando técnicas de manejo que têm potencial para dar mair sustentabilidade aos sistemas produtivos e auxiliem na conservação ambiental”, complementa Mariella Uzeda.

Nesse sentido, já foram plantadas 400 mudas de glirícidia para formação de cerca viva, além de mudas de frutíferas nativas como possibilidade de inserção do elemento arbóreo. Foi realizada uma oficina para ensinar a produzir o insumo orgânico bokashi , que despertou a atenção dos agricultores e levou a implementação de 10 unidades de observação para o uso deste insumo em suas propriedades agrícolas. E têm sido realizadas ainda experiências para produção de um inoculante caseiro para a Fixação Biológica de Nitrogênio.

A preservação dessa região de Cachoeiras de Macacu, na bacia Guapi-Macacu, é de extrema importância para o Rio de Janeiro, pois abastece cerca de 3 milhões de pessoas no estado  (São Gonçalo, Itaboraí, parte de Niterói, Região do Lagos). Além disso, é uma localidade com uma forte agricultura familiar, onde a preservação dos recursos naturais pode implicar diretamente na manutenção da atividade agrícola nos próximos anos.

Durante o Dia de Campo, neste dia 27, os pesquisadores apresentarão ainda os resultados encontrados em monitoramentos feitos com o uso de vespas e abelhas como indicadoras de resiliência (a capacidade de um solo recuperar sua integridade funcional e estrutural após um dano) em sistemas de cultivo com diferentes intensidades no uso de insumos. No monitoramento foram comparadas regiões onde estes sistemas estão na presença de muitos fragmentos florestais (fontes de biodiversidade) e distantes de fragmentos. “A nossa hipótese é que paisagens possuem fontes de biodiversidade e sumidouros de biodiversidade, como se fossem ralos de uma pia por onde a água escoa e se vai. Em qualquer paisagem essas áreas destroem a biodiversidade circulante e minam a capacidade de resiliência dos demais sistemas”, finaliza a pesquisadora da Embrapa.

Serviço:

Dia de Campo "Controle de pragas e doenças: caldas orgânicas e o manejo do cultivo”
Local: São José da Boa Morte, em Cachoeiras de Macacu
Data: 27/08 às 8h

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