quarta-feira, 25 de maio de 2016

A realidade acerca da aquisição de medicamentos e materiais no HMRS em Nova Friburgo

O diretor administrativo do Hospital Municipal Raul Sertã, Paulo Coelho, falou sobre o sistema de compras de medicamentos e materiais hospitalares, sobre o dia a dia na farmácia e almoxarifados do HMRS e a atual burocracia acerca do tema, que muitas vezes engessa uma compra. O hospital, apenas no início desse ano, de janeiro a abril de 2016, atendeu a quase 50 mil pessoas no CTU (Centro de Tratamento de Urgência). Manter uma farmácia e almoxarifados abastecidos é uma tarefa árdua, mas que, segundo o diretor Paulo Coelho, está sendo feito satisfatoriamente.


O Hospital Raul Sertã possui três setores que são responsáveis por armazenar material e medicamentos: um almoxarifado que estoca papel, tubos de laboratório, por exemplo, a farmácia, que armazena medicamentos e o almoxarifado de material médico hospitalar, onde são estocados gases, suturas e os coletores de urina.

O hospital não trata diretamente da compra em si. É a secretaria municipal de Saúde que é responsável por isso. O procedimento para uma compra se inicia pela abertura de um termo de referência pelo hospital, que indica a sua necessidade e quantidade. A secretaria de Saúde abre um processo que segue um trâmite dentro da prefeitura, que passa pela controladoria, procuradoria, secretaria de Finanças e termina na secretaria de Logística, que monta o edital e abre o processo licitatório.

A periodicidade de aquisição de medicamentos e materiais é feita de ano a ano. “Se a prefeitura precisar comprar veículos hoje, só poderá voltar a comprar daqui a um ano. Da mesma forma, se tivermos que comprar “Novalgina” (hipoteticamente), hoje, temos que estimar a próxima compra para um prazo de um ano. Antes disso eu não posso, por isso o pedido tem que ser bem estimado”, disse Paulo Coelho.

Mas há as compras emergenciais, que normalmente são feitas com maior rapidez e o prazo pode variar de seis a três meses. Porém, hoje, a legislação, de forma geral, entrava bastante esse processo, podendo levar um prazo de até seis meses para se comprar mesmo em estado emergencial.

Os critérios para compra são pautados pelo histórico passado. Segundo o diretor administrativo do HMRS, para se fazer uma estimativa real de compra, tem que se pensar numa farmácia completa com todos os medicamentos. “Portanto, utilizamos o histórico passado e acrescentamos de 10 a 20%” disse.

Paulo Coelho exemplificou a situação, através de dois medicamentos: a Dipirona e o Paracetamol. Em alguns casos, usa-se a Dipirona e em outros o Paracetamol. Mas há momentos em que o hospital fica sem Dipirona, então usa-se o Paracetamol para suprir a necessidade. “Aí o Paracetamol acaba, mas a Dipirona, que foi licitada, já está chegando. Então, substituímos. Mas, temos que fazer um acréscimo, porque a procura pelo Sistema Público de Saúde está cada vez maior, até por causa da crise econômica atual que atravessa o país”.

Segundo afirmou o diretor, a rotatividade de pacientes é muito grande, uma média de 400 atendimentos por dia somente com os pacientes do CTU.

Paulo Coelho entra fundo nos problemas que cercam a aquisição de medicamentos e matérias hospitalares. Ele explicou que outros problemas, indiretos, podem afetar todo esse processo. Como exemplo, ele falou dos materiais com valores vinculados ao dólar, como a gaze engessada. Com as oscilações da moeda americana, simplesmente tem fornecedores que deixam de cumprir com a entrega.

Também existem casos em que os fornecedores, vencedores de licitações, têm que entregar uma quantidade demarcada, mas não o fazem. Entregam uma quantidade menor e alegam que não estão encontrando o medicamento no mercado. “É com tudo isso que lidamos no nosso dia a dia”, disse.

Para se contornar esses problemas, sanções estão previstas no contrato entre a secretaria de Saúde e o fornecedor. No entanto, muitos casos vão parar na justiça por ações que são movidas pelo fornecedor. Com isso, conforme afirmou Paulo Coelho, enquanto essa situação está rolando na justiça, o hospital fica impedido de adquirir material ou medicamento de outro fornecedor, pois não se pode abrir processo licitatório se aquele, em questão, está sob júdice.

O diretor administrativo do hospital entende a ansiedade dos pacientes quanto à qualidade do serviço que a Saúde deve ofertar à população, mas é bom que entendam esses procedimentos e a complexidade em torno deles. “Esta realidade não é apenas em nível municipal, mas é nacional” afirma.

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