Os fatos que cercaram o debate e a votação do impeachment
da Presidente Dilma tornaram ainda mais imprevisível a campanha eleitoral para
Prefeito do Rio.
O voto pelo sim do deputado Pedro Paulo, pré-candidato a
prefeito do Rio pelo PMDB, foi recebido como traição por Dilma. Em seguida, o
PT do Rio informou que sairia da prefeitura e entregaria as secretarias que
ocupa, o que foi feito parcialmente até aqui.
Com isso, o deputado do PT Wadih Damous, ex-presidente da
OAB e porta voz de Lula, já voltou a suplência e o PT retirou o apoio ao PMDB
e, assim, o tempo de TV tão importante na estratégia do PMDB. O PT iniciou o
debate sobre alternativas, que poderiam ser tanto Wadih Damous do PT, como
Jandira Feghali do PCdoB.
Assim, o campo da esquerda pulverizou com 3 candidatos:
Jandira, muito mais forte que Wadih, Freixo do PSOL e Molon da REDE. O fato do
Molon e Freixo terem apoiado ostensivamente Dilma contra o impeachment
produzirá algum desgaste em ambos e será usado pelos seus adversários.
Clarissa Garotinho, acatando a decisão de seu pai e um
laudo médico em função de seu tempo de gestação, e não indo votar o SIM, que
sua propaganda em redes sociais exaltava tanto, tende a desistir da
candidatura.
Os problemas enfrentados pela prefeitura, em parte pela
falência do governo do Estado também do PMDB, e agora a imagem forte da queda
da ciclovia da Av. Niemeyer, colocam uma dificuldade a mais na recuperação de
Pedro Paulo, candidato do prefeito, que contava com o fator tempo para que seus
problemas pessoais fossem esquecidos.
Os outros dois candidatos do campo do
centro/centro-direita, Índio do PSD e Osório do PSDB, ficam espremidos e sem
vetor para crescer antes da campanha eleitoral formal. Ficam sem estratégia
para a pré-campanha. Ficam sem espaço e sem foco para suas comunicações
políticas. Vão ter que esperar agosto.
Os três, hoje somados, mal alcançam 10%.
Finalmente, e mais uma vez, o beneficiado é o senador
Marcelo Crivella, ficando sozinho como candidato evangélico e do campo popular.
Certamente dirá SIM ao impeachment de Dilma, se diferenciando dos candidatos
mais à esquerda e se afirmará em relação aos candidatos de centro e
centro-direita.
Cesar Maia é dirigente do Democratas, representando o
partido em assuntos da América do Sul e vice-presidente da Internacional
Democrata de Centro (IDC). É vereador desde 2013 pelo município do Rio de Janeiro
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