segunda-feira, 3 de julho de 2017

Alunos da EJA lançam livro no I Festival Literário de Nova Friburgo

O I Festival Literário “A Nova Friburgo que eu sonho” a ser realizado no próximo dia 5 de julho, às 18h30, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, na Praça do Suspiro, marcará o lançamento oficial do livro elaborado por alunos e alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação em Nova Friburgo.

O evento, já grandioso por promover e difundir a importância da educação, torna-se ainda mais importante e simbólico por conta do lançamento da obra totalmente elaborada por estudantes da EJA. Desde os textos e poesias até as ilustrações contidas no livro, tudo foi feito por alunos e alunas de idades variadas e histórias de vida ainda mais distintas e inspiradoras.

A Educação de Jovens e Adultos é um programa em atividade em dezenas de escolas do município e é voltado para pessoas de todas as idades que, por algum motivo, abandonaram a escola ou simplesmente não tiveram a oportunidade de estudar, mas desejam retomar ou iniciar os estudos.

No livro, que traz poesias e alguns desenhos inspirados no amor à cidade (e que será lançado durante o I Festival Literário), transparece diversas histórias de superação, determinação e lições de vida desses alunos, que também têm muito a ensinar, como a dona Maria Otília de Paiva Machado, de 87 anos. Portuguesa, que veio para o Brasil na década de 60, morou em Brasília e Rio de Janeiro até vir para Nova Friburgo, há cerca de oito anos. Mãe de uma professora da rede municipal, dona Maria Otília é casada, cuida de uma filha com necessidades especiais e, mesmo assim, consegue conciliar tudo isso com as aulas na Escola Municipal Cipriano Mendes da Veiga, em Barracão dos Mendes, na zona rural do município.

Quando viemos para Nova Friburgo falei com minha filha Fátima: ‘o que eu quero de você, é que me matricule em uma escola’. Depois que comecei não parei mais. Fui até o 5º ano na Escola Municipal Hermínia da Silva Condack, em Campo do Coelho. De lá fui para a Escola Municipal Cipriano Mendes da Veiga, em Barracão dos Mendes, onde minha filha também leciona. Gosto muito de ler e escrever. Estou muito contente. Quero continuar estudando. Se eu continuar, todos estão convidados, com 100 anos farei minha formatura. O estudo para mim é tudo na vida. Adoro”, revelou dona Maria Otília.

Bastante comunicativa e orgulhosa por fazer parte do livro da EJA, dona Maria Otília usou o bom humor para explicar aos mais jovens a importância dos estudos, independente da idade: “Estou muito feliz com a oportunidade e muito empolgada para o lançamento do livro. Se eu posso dar um conselho, jamais abandonem os estudos, seja qual for a idade. Meu marido diz que quem vai para escola com a minha idade é maluco. Então eu quero morrer maluca, burra não”.


Com 64 anos a menos que a dona Maria Otília, a jovem Danielle Jandre da Silva, de 23 anos, redescobriu o prazer e a importância dos estudos, após alguns anos afastada da escola. Ela conta que parou de estudar após ficar grávida, mas agora já está cursando o 9º ano no Colégio Municipal Dermeval Barbosa Moreira, em Olaria, e se forma agora em julho.

Por incrível que pareça, eu não gostava de ler, nem de escrever. Eu escrevi a poesia sem a intenção de entrar para o livro, mas gostei muito do resultado. Pretendo continuar escrevendo bastante. Minha intenção é concluir o ensino médio e fazer faculdade de matemática. O EJA é uma iniciativa muito importante, porque nem sempre temos a oportunidade de estudar. É uma chance para que a gente possa recuperar o tempo perdido”, disse Danielle.

Outra história inspiradora é a do seu Walter da Silva Ribeiro, de 58 anos. Ele é gari da Prefeitura de Nova Friburgo e estuda na sala montada no Galpão do Trabalhador, na sede do Executivo municipal, através do projeto Lápis no Papel. Há 45 anos longe dos estudos, o tímido seu Walter encontrou na leitura e na escrita a oportunidade para se reconectar com o mundo.

Hoje em dia, a tecnologia está avançando muito rápido, então é importante a gente procurar sempre o conhecimento, se aprimorar cada vez mais. Faz a gente se sentir útil. Também foi muito importante essa oportunidade de ter uma poesia escrita em um livro. Eu não tinha o hábito de escrever, fui realmente estimulado por essa oportunidade do livro e pretendo continuar, não apenas escrevendo, mas assim que terminar o EJA quero dar sequência nos estudos, se for possível”, projetou Walter.

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